Em 24 de abril de
1934
Respondo às suas
perguntas:
NACIONALISMO E
INTERNACIONALISMO
Somos
nacionalistas, não somos jacobinistas. Aceitamos ideias universais, repudiamos
o cosmopolitismo. Desejamos, no futuro (quando as autoridades nacionais
estiverem recompostas) um internacionalismo de Pátrias; renegamos o
internacionalismo de indivíduos. As crises atuais (superprodução, os sem
trabalho, a insolvabilidade das nações, a luta de classes) têm como causa a
crise de autoridade dos governos; a "soberania nacional" é meramente
política: A soberania financeira pertence aos banqueiros, ao supercapitalismo.
Por consequência, a primeira etapa das nações será o nacionalismo que fortalece
a autoridade. Nacionalismo compreende todas as forças vivas e atuantes do país.
A propaganda Integralista deve, portanto, ser feita no seio das colônias
estrangeiras, sem, contudo, se permitir que estrangeiros tenham preponderância
no movimento.
Não sustentamos
preconceitos de raça; pelo contrário, afirmamos ser o povo e a raça brasileiros
tão superiores como quaisquer outros. Em relação ao judeu, não nutrimos contra
essa raça nenhuma prevenção. Tanto que desejamos vê-la em pé de igualdade com
as demais raças, isto é, misturando-se, pelo casamento, com os cristãos. Como
estes não são intransigentes nesse sentido, desejamos que tal inferioridade não
subsista nos judeus porque uma raça inteligente não deve continuar a manter
preconceitos bárbaros.
RAÇAS E CAPITALISMO
Quanto ao
capitalismo judeu, na realidade, ele não existe como tal. O que se dá é apenas
uma coincidência: Mais de 60% do agiotarismo internacional está nas mãos
israelitas. Isso não quer dizer que sejam eles os responsáveis exclusivos pelas
desgraças atuais do mundo. Com o advento do Estado Integralista, por
conseguinte a queda da Economia Liberal, o ritmo econômico se altera
completamente, passando os governos a exercer controle sobre os fenômenos da
produção, da circulação, do consumo e sobre as atividades técnicas e do
trabalho. O capitalismo internacional será uma reminiscência de museu.
Tornando-se o mundo todo Integralista, a humanidade ficará livre da ditadura
das Bolsas e dos aparelhamentos particulares de crédito. A unidade da moeda
restituirá a soberania financeira dos povos. O intermediário será um objeto
arqueológico. Os conflitos sociais, livres da fatalidade da concorrência
internacional que altera o preço dos salários, terão quase solução automática,
fortalecendo-se, dess’arte, o prestigio das magistraturas do trabalho. Nessas
condições, não podemos querer hoje mal ao judeu, pelo fato de ser o principal
detentor do ouro, portanto principal responsável pela balburdia
econômico-financeira que atormenta os povos, especialmente os semicoloniais
como nós, da América do Sul. O judeu capitalista é igual a um
cristão-capitalista: Sinais de uma época de democracia-liberal. Ambos, não
terão mais razão de ser porque a humanidade se libertará da escravidão dos
juros e do latrocínio do jogo das Bolsas e das manobras banqueiristas. A
animosidade contra os judeus é, além do mais, anticristã e, como tal, até
condenada pelo próprio catolicismo. A guerra que se fez a essa raça, na
Alemanha, foi, nos seus exageros, inspirada pelo paganismo e pelo preconceito
de raça. O problema do mundo é ético e não étnico.
VERDADES HISTORICAS
E já que falamos em
ética, focalizo um tópico de sua carta relativo ao "poderio comercial e
financeiro do grande povo holandês" em outros tempos. Realmente, no
alvorecer do individualismo econômico e da internacionalização do comércio,
houve aquele poderio da Holanda, mas não do "povo holandês".
Recentemente esse poderio pertenceu ao capitalismo instalado na Inglaterra, mas
a miséria do povo inglês foi concomitante. Os movimentos trabalhistas na
Inglaterra provam isso; a fixação de Marx e Engels em Londres demonstrou que a
opressão do povo criava um clima para as revoltas sociais. O esplendor da City
e da Wall-Street não significaram o poder de britânicos e americanos:
Miseráveis dormiam nos bancos das Avenidas e a crise dos "sem
trabalho" não é uma expressão de poderio. O capitalismo não tem Pátria.
Ele se instala onde melhor lhe convém num momento histórico. A sua política é
super-nacional porque exprime os interesses fora do âmbito do Estado.
SOLUÇÕES
INTEGRALISTAS
Tudo isso vem
confirmar o que disse atrás: Criado o Estado Integral, já não interessará a
canalização de capitais porque a Economia não será mais regida por um conceito
estático, que é o da moeda, transformada em mercadoria, porém pelo conceito
dinâmico da produção. As possibilidades da produção e a honra dos governos
serão, quando o mundo todo for Integralista, verdadeiros lastros do dinheiro,
transformado por um novo sentido de economia, executando seu legitimo papel de
agente intermediário, e não mais em algoz do gênero humano, em opressor das
nacionalidades, como o Brasil, preso, ha cem anos, na gaveta de Rotschild. No
integralismo, o judeu se apaziguará com os outros povos. Raiará uma época de
verdadeira fraternidade. O longo fadário, a angustia do israelita cessarão.
Esse povo poderá até ter o direito de construir a sua própria nação,
entregando-se aos trabalhos do campo e das fabricas, cooperando com sua grande
inteligência para a civilização, livre agora das desconfianças que desperta e
em que vive, o que o leva a isolar-se e a enquistar-se nas pátrias alheias. Não
podemos odiar uma raça da qual saiu Jesus Cristo. Veja, pois, que o nosso ponto
de vista é superior a respeito dos problemas. Não combatemos nem raças nem
classes: Insurgimo-nos contra uma civilização.
PACIFISMO
Somos pacifistas.
Queremos a união de todas as nações sul-americanas porque nossos problemas,
nossa escravidão são idênticas. Denunciamos, porém, à Nação uma certa Liga
Anti-Guerreira, que é comunista. O pacifismo pregado pela III Internacional
está em desacordo: 1º) - com os métodos de violência preconizados por Sorél e
adotado pelo bolchevismo; 2º) - com o formidável exército vermelho que
escraviza os proletários e os camponeses na Rússia; 3º) - com as guerras
ateadas na China pelos agentes de Moscou. - Cumpre notar: Não confundir o nosso
pacifismo com passivismo".
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SALGADO, PLINIO. Trechos de uma Carta em Panorama(revista). São Paulo: Ano I - Abril
e Maio de 1936 - Nº 4 e 5 - págs. 3, 4 e 5.
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