Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi
possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
Direito e dever de exigir (03/11/1936)
Plínio Salgado
Os
próprios integralistas não têm, não podem ter noção do volume do Movimento a
que pertencem. Nem mesmo os Secretários Nacionais, cujo trabalho é enorme,
podem avaliar o que seria em conjunto, o funcionamento desta máquina colossal que
é a Acção Integralista Brasileira.
Se
eu dispusesse de grandes recursos financeiros, por certo que o meu trabalho seria
diminuído em pequena parte. Mesmo assim, ficar-me-ia uma tarefa gigantesca.
Quanto mais que, como tem sido desde o primeiro dia, supro com atividade permanente
as deficiências materiais.
É preciso
considerar que o Integralismo, além de ser um partido político de âmbito
nacional, o que, só, cumula de trabalho contínuo e absorvente a um homem na sua
chefia, é também uma sociedade civil com fins múltiplos: de assistência social,
de educação moral e cívica, de cultura filosófica, científica e política, de
cultura artística, de propaganda no Exterior.
Cada
um desses setores se subdivide. Assim, o sector de assistência social se
subdivide em assistência médica, assistência judiciária, colocações, assistência
econômica, assistência à infância. O setor de educação moral, cívica e física,
subdivide- se em organizações da infância, da juventude e de adultos,
abrangendo variados cursos. O sector de cultura geral, abrange todo um
movimento de cursos, conferências, edições de livros, departamentos e secções
de pesquisas e estudos. O sector de cultura artística abrange a literatura, a
pintura, a escultura, a música, a arquitetura.
Temos
uma Secretaria de Arregimentação Feminina, uma Secretaria de Propaganda, uma Secretaria
de Assistência Social, outra de Finanças, outra de Corporações e Serviços
Eleitoris, outra de Doutrina e Estudos, outra de Cultura Artística, outra de Imprensa,
outra de Educação Física e Cívica, outra de Relações com o Exterior.
Além
desses serviços, cada um dos quais exige um exército de funcionários, temos
ainda o formidável expediente da Chefia Nacional.
Estou
em contato com as dez Secretarias Nacionais, com os membros do Supremo Conselho
Integralista, com a Câmara dos Quarenta e suas cinco comissões, com os 23
Chefes Provinciais, cada qual com uma infinidade de assuntos a tratar comigo.
Só
no tocante ao partido político que é a A.I. B., isto me dá um trabalho
colossal, pelo crescimento, cada vez maior do integralismo e complexidade de
seus serviços. Temos o trabalho eleitoral e o trabalho sindical, a luta com os
nossos adversários, não se falando no tempo que gasto em atender a próceres políticos
não integralistas ou personalidades que me procuram. O trabalho político é
feito por intermédio da Secretaria das Corporações e Serviços Eleitorais mas
uma infinidade de coisas me vêm para serem resolvidas por mim, diretamente, e
não há outro remédio.
Os
meus patícios precisam ter em vista queu não sou apenas o Chefe de um partido
nacional, mas o Chefe de uma organização nacional de numerosos serviços de
natureza diversíssima. Além disso, chefio um Movimento cultural, que oriento filosófica
e politicamente. Oriento uma revolução no campo do pensamento e várias
revoluções em vários setores, porque o Integralismo é um "método" a
se aplicar a todos os ramos das atividades intelectuais humanas.
No
Brasil já houve um chefe político que cuidava de assuntos políticos no Brasil
inteiro. Chamava-se Pinheiro Machado. Mas cuidava só de política. No Brasil já
houve filósofos, como Farias Brito, Sylvio Romero, Tobias Barreto, mas cuidavam
só de filosofia.
No
Brasil já houve e á Jornalistas que dirigiram ou dirigem um, dois ou mais jornais,
mas cuidavam e cuidam só do jornalismo.
No
Brasil já houve e há sociólogos, que pesquisam sobre as realidades brasileiras,
mas cuidaram ou cuidam somente de sociologia.
No
Brasil já houve oradores, como Ruy Barbosa, que fazia campanhas políticas
pronunciando duas dúzias de discursos numa campanha, mas esses só cuidavam dos
discursos, sendo a parte de organização e de direção prática afeta a outros.
No
Brasil já houve e há propagandistas de campanhas nacionalistas, mas só cuidaram
de campanhas nacionalistas.
Quem
publica livros, só publica livros, quem faz jornalismo, só faz Jornalismo; quem
chefia partido, só chefia partido; quem faz discursos não faz outra coisa; quem
dirige sociedades beneficentes ou culturais, não tem tempo para dirigir outras
coisas.
Pois
eu ando há quatro anos chefiando partido (e partido nacional); publicando
livros (e neste tempo já pus dez a lume); fazendo discursos, e já realizei
cerca de 800 conferências; dirigindo um plano de assistência social e de
educação popular; e trabalhando em jornal (aqui compareço diariamente, não se
falando nos outros jornais em que escrevo).
Isto
é um trabalho colossal. Só o tempo que gasto em atender os que me procuram, em
ler as cartas e telegramas que recebo (os mais selecionados, pois o grosso é
lido pelos Secretários) é um tempo enorme.
Acrescente-se
que faço frequentes viagens, que presido a congressos, que leio regulamentos,
diretivas, que presido a trabalhos de comissões, e meus patrícios terão uma
pequenina ideia do que é o meu serviço.
Conheço
pessoalmente a milhares de Integralistas de todo o país, resolvo casos pessoais,
atendo paternalmente os que me procuram, ando em dia com o Movimento em todos
os Municípios do Brasil e estou a par da quase totalidade dos aspectos políticos
municipais.
Ainda
arranjo tempo para ler jornais, dar entrevistas no país e no exterior.
Fazendo
tudo isso, dar-me-ei por satisfeito se conseguir evitar que o Brasil se esfacele
no separatismo ou se avilte ao comunismo, e se as gerações de hoje lançarem os
sólidos alicerces de uma nova civilização, de uma cultura, de uma política
genuinamente brasileira.
Não
trabalho num país pequeno como a Alemanha ou a Itália, como a Bélgica, ou
Portugal, como a França, ou a Áustria. Trabalho num país que tem o tamanho da
Europa, sem meios de comunicações fáceis.
Não
recebo dinheiro do Soviet, como esses covardes que se dizem liberais democratas,
defensores do regímen, enquanto preparam na sombra o golpe contra a República.
Não tenho à minha disposição tesouros de Estados, como certos governadores metidos
a Messias em discursos e atitudes de pais da Pátria. Não prometo emprego; nem
dinheiro, pelo contrário, exijo sacrifício, disciplina. Não vivo agradando nem
fazendo salamaleques a ninguém. Não peço a ninguém para vir para o
Integralismo. Lanço a doutrina da dignidade nacional e do sentimento de humanidade,
de justiça, de espiritualismo.
Esse
é o meu trabalho. Não o faço por ambição, pois não sou daqueles que pedem
cousas à Pátria, mas daqueles que querem dar à Pátria, sem paga de espécie alguma.
Não
estou fazendo nenhuma questão, nem de atingir o Poder, nem de chefiar este
Movimento. Não fico agradecido a quem quer que seja pelo fato de vestir a
camisa-verde. Seria uma indignidade para mim e para esse alguém, que eu lhe
agradecesse pelo fato de cumprir um dever de honra, de brio, de honestidade.
Fazendo
o que faço, entendo que os que assim não fazem não são dignos do Brasil nem dos
seus descendentes. Estamos num momento decisivo. Ou damos tudo pelo Brasil, ou
nos aviltamos perante a nossa própria consciência. Essa é a palavra de um homem
que trabalha 18 horas por dia, há quatro anos, sofrendo toda a sorte de injúrias
covardes e diatribes infames, aguentando caladamente o peso dos maiores
padecimentos, e que, nesta hora, sente-se com o direito de se dirigir de cabeça
erguida aos seus patrícios para lhes dizer: quem não estiver comigo não esta
com o Brasil, porque eu nada quero senão a grandeza e felicidade do meu Povo,
pois o prêmio não o busco na efemeridade deste mundo nem na fraqueza dos
corações humanos, senão no seio d'Aquele por cujo amor desejo uma Grande e
Luminosa Nação.
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 03
de Novembro de 1936.
Nenhum comentário:
Postar um comentário