Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
Tristes
processos! (02/02/1936)
Plínio Salgado
Regressei
ontem de Belo Horizonte, trazendo ainda aos meus ouvidos o eco das aclamações
delirantes dos camisas-verdes mineiros, cujo entusiasmo bem demonstra que Minas
Gerais despertou pelo milagre do Sigma, revivendo as suas tradições antigas e o
seu idealismo que enche a nacionalidade, desde o episodio glorioso da Inconfidência.
Viajando
de automóvel, vim encontrando no longo percurso as multidões de "camisas
verdes", moços e velhos, senhoras, moças e crianças, vibrando no mesmo
sentimento, guiados pelo mesmo pensamento e arrebatados pela mesma fé.
Depois
de Nova Lima, de Lafayette, João Ribeiro, Barbacena, Santos Dumont, cidades em
que palpita a Ideia Nova, num magnifico misticismo da Pátria, num vitorioso
esplendor de alegria e confiança, a recepção em Juiz de Fora excedeu a minha expectativa.
Em seguida, foi Mathias Barbosa, Entre Rios, e finalmente Petrópolis, onde a
alma fluminense palpitou com aquele entusiasmo que sempre a animou, desde o
primeiro dia da propaganda integralista nessa província.
Aqui
cheguei à meia noite do dia 31, depois de verificar com meus olhos e com meus
ouvidos a realidade do Integralismo, transformado já em fenômeno social
irremovível da vida brasileira.
Hoje,
pela manhã, trouxeram-me um exemplar do "Diário da Noite", que
estampava na sua primeira página, em letras formidavelmente escandalosas, esta
monstruosidade:
"VINTE
E QUATRO HORAS PARA ABANDONAR A CAPITAL MINEIRA - O SR. PLINIO SALGADO ESTAVA
AGINDO CONTRA A LEI DE SEGURANCA E EMBARCOU LOGO APÓS HAVER RECEBIDO A
INTIMAÇÃO DA POLICIA".
Em
outro local desta folha, publicamos a entrevista que o sr. chefe de Polícia de Belo
Horizonte concedeu ao companheiro Madeira de Freitas, pelo telefone,
desmentindo categoricamente essa infâmia.
Cumpre-me,
porém, ao dar as impressões de Minas Gerais dizer duas palavras sobre a polícia
mineira da capital. É um dever de minha parte, ao verificar a calúnia que se
atira contra as autoridades de Belo Horizonte, que excederam-se em gentilezas
para comigo, que me deram mais plena liberdade, que me permitiram, em pleno
estado de sítio, realizar uma conferência em lugar público quando eu estava
convencido de que só o poderia fazer na sede integralista, para os
integralistas.
O Sr.
chefe de Polícia de Belo Horizonte, por intermédio da Delegacia de Ordem
Social, cumulou-me de bondades, chegando a determinar que o meu automóvel fosse
sempre seguido por quatro inspetores, com o fim de me garantir contra qualquer atentado
de comunistas.
Os
camisas-verdes andaram livremente, com a sua camisa, sem paletó, em massa,
pelas avenidas e ruas da capital mineira. As multidões se aglomeravam à minha
passagem, sem a menor providência da polícia para dispersá-las.
Volto
encantado pela superioridade de vistas do governo mineiro. Falei durante três
horas, num teatro local. Disse tudo o que queria; critiquei os situacionismos
dos Estados; fiz considerações sobre os partidos políticos; desenvolvi a maior
e mais intensa propaganda do Integralismo.
Julgo-me,
pois, no dever de assumir pessoalmente, a defesa do sr. chefe de Polícia de Belo
Horizonte e de seus auxiliares. Assumir a defesa e agradecer publicamente todos
os cuidados, bondades e liberdades de que fui alvo na capital mineira.
A
estas horas, já as agências telegráficas, uma das quais visivelmente
mancomunada com Moscou, no intuito de desmoralizar o Integralismo, devem ter
espalhado por todo o Brasil a infame balela. Os jornais das capitais
brasileiras devem ter reproduzido com a ingenuidade com que se costuma estampar
esses despachos.
Não
disponho de um aparelhamento assim para agir em sentido-contrário, desmentindo.
Disponho, porém, da disciplina Integralista e da confiança do meu povo. Esses
tristes processos estão completamente desmoralizados. Vivem apenas uma tarde, impressionam
os tolos, mas o bom senso nacional, de há muito já condenou.
A
esses tristes, ridículos, lamentável processos de difamação, tenho a responder
apenas isto:
-
Tudo será inútil. As manifestações a que assisti em todo e território mineiro,
tanto na ida como na volta, revelaram-me um estado de espírito muito sério e
muito grave do país. E isso que se passa em Minas se passa em todo o Brasil.
Por isso, nós venceremos. Serão inúteis todas as calúnias, todas as injúrias, todos
os boatos, todas as intrigas, todas as letras garrafais das "manchetes".
O Integralismo é hoje uma fatalidade nacional. Nada me deteve quando eu contava
apenas com 47 operários e estudantes. Nada me deterá agora, que somos
oitocentos mil. Nossa marcha pacífica mas enérgica, nossos processos subordinados
as leis do país, mas seguros, firmes e decididos, marcam o ritmo de uma vitória
que é cada vez maior. Indicam o dia da vitória final, tão certa como o próprio
destino da Nacionalidade,
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 02
de Fevereiro de 1936.
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