quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Tristes processos! (02/02/1936)

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/

Tristes processos! (02/02/1936)

Plínio Salgado

Regressei ontem de Belo Horizonte, trazendo ainda aos meus ouvidos o eco das aclamações delirantes dos camisas-verdes mineiros, cujo entusiasmo bem demonstra que Minas Gerais despertou pelo milagre do Sigma, revivendo as suas tradições antigas e o seu idealismo que enche a nacionalidade, desde o episodio glorioso da Inconfidência.

Viajando de automóvel, vim encontrando no longo percurso as multidões de "camisas verdes", moços e velhos, senhoras, moças e crianças, vibrando no mesmo sentimento, guiados pelo mesmo pensamento e arrebatados pela mesma fé.

Depois de Nova Lima, de Lafayette, João Ribeiro, Barbacena, Santos Dumont, cidades em que palpita a Ideia Nova, num magnifico misticismo da Pátria, num vitorioso esplendor de alegria e confiança, a recepção em Juiz de Fora excedeu a minha expectativa. Em seguida, foi Mathias Barbosa, Entre Rios, e finalmente Petrópolis, onde a alma fluminense palpitou com aquele entusiasmo que sempre a animou, desde o primeiro dia da propaganda integralista nessa província.

Aqui cheguei à meia noite do dia 31, depois de verificar com meus olhos e com meus ouvidos a realidade do Integralismo, transformado já em fenômeno social irremovível da vida brasileira.

Hoje, pela manhã, trouxeram-me um exemplar do "Diário da Noite", que estampava na sua primeira página, em letras formidavelmente escandalosas, esta monstruosidade:

"VINTE E QUATRO HORAS PARA ABANDONAR A CAPITAL MINEIRA - O SR. PLINIO SALGADO ESTAVA AGINDO CONTRA A LEI DE SEGURANCA E EMBARCOU LOGO APÓS HAVER RECEBIDO A INTIMAÇÃO DA POLICIA".

Em outro local desta folha, publicamos a entrevista que o sr. chefe de Polícia de Belo Horizonte concedeu ao companheiro Madeira de Freitas, pelo telefone, desmentindo categoricamente essa infâmia.

Cumpre-me, porém, ao dar as impressões de Minas Gerais dizer duas palavras sobre a polícia mineira da capital. É um dever de minha parte, ao verificar a calúnia que se atira contra as autoridades de Belo Horizonte, que excederam-se em gentilezas para comigo, que me deram mais plena liberdade, que me permitiram, em pleno estado de sítio, realizar uma conferência em lugar público quando eu estava convencido de que só o poderia fazer na sede integralista, para os integralistas.

O Sr. chefe de Polícia de Belo Horizonte, por intermédio da Delegacia de Ordem Social, cumulou-me de bondades, chegando a determinar que o meu automóvel fosse sempre seguido por quatro inspetores, com o fim de me garantir contra qualquer atentado de comunistas.

Os camisas-verdes andaram livremente, com a sua camisa, sem paletó, em massa, pelas avenidas e ruas da capital mineira. As multidões se aglomeravam à minha passagem, sem a menor providência da polícia para dispersá-las.

Volto encantado pela superioridade de vistas do governo mineiro. Falei durante três horas, num teatro local. Disse tudo o que queria; critiquei os situacionismos dos Estados; fiz considerações sobre os partidos políticos; desenvolvi a maior e mais intensa propaganda do Integralismo.

Julgo-me, pois, no dever de assumir pessoalmente, a defesa do sr. chefe de Polícia de Belo Horizonte e de seus auxiliares. Assumir a defesa e agradecer publicamente todos os cuidados, bondades e liberdades de que fui alvo na capital mineira.

A estas horas, já as agências telegráficas, uma das quais visivelmente mancomunada com Moscou, no intuito de desmoralizar o Integralismo, devem ter espalhado por todo o Brasil a infame balela. Os jornais das capitais brasileiras devem ter reproduzido com a ingenuidade com que se costuma estampar esses despachos.

Não disponho de um aparelhamento assim para agir em sentido-contrário, desmentindo. Disponho, porém, da disciplina Integralista e da confiança do meu povo. Esses tristes processos estão completamente desmoralizados. Vivem apenas uma tarde, impressionam os tolos, mas o bom senso nacional, de há muito já condenou.

A esses tristes, ridículos, lamentável processos de difamação, tenho a responder apenas isto:

- Tudo será inútil. As manifestações a que assisti em todo e território mineiro, tanto na ida como na volta, revelaram-me um estado de espírito muito sério e muito grave do país. E isso que se passa em Minas se passa em todo o Brasil. Por isso, nós venceremos. Serão inúteis todas as calúnias, todas as injúrias, todos os boatos, todas as intrigas, todas as letras garrafais das "manchetes". O Integralismo é hoje uma fatalidade nacional. Nada me deteve quando eu contava apenas com 47 operários e estudantes. Nada me deterá agora, que somos oitocentos mil. Nossa marcha pacífica mas enérgica, nossos processos subordinados as leis do país, mas seguros, firmes e decididos, marcam o ritmo de uma vitória que é cada vez maior. Indicam o dia da vitória final, tão certa como o próprio destino da Nacionalidade,

Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 02 de Fevereiro de 1936.

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