quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A PROVÍNCIA DO MAR (29/03/1936)

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/

A PROVÍNCIA DO MAR (29/03/1936)

Plínio Salgado

Eu ontem visitei a Província do Mar.

A Província do Mar é, no Integralismo, o setor glorioso dos marinheiros do Brasil.

Eu gosto de visitar essa Província, porque sinto percorrendo os salões da sua sede, que fica ali perto das águas da baía, junto ao cais, o cheiro das maresias e o convite dos largos ventos defraldados sobre a superfície verde do Atlântico.

Como me sinto bem no meio dos marinheiros da minha Pátria!

Marinheiros dos navios mercantes, que andam, de porto em porto, consolidando a unidade nacional! Marinheiros dos vasos de guerra, sentinelas da Arca da Aliança das tradições do meu Brasil!

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Rudes marujos, tostados pelo sol dos trópicos, perfis enérgicos de dominadores do mar, o Integralismo deu-lhes um sentido de grandeza, e eles veem sonhar comigo uma Grande Nação.

Como eu sinto, junto deles, a miragem do Futuro! Esta consciência de força que estamos criando, sob a estrela do Sigma, realizará, por certo, o milagre supremo. E eu vejo, com os meus olhos de devassar o Porvir, a grande esquadra, a grande marinha mercante, a poderosa aviação naval, que um dia honrarão nosso Povo, glorificando os nossos descendentes.

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Como sou grato a estes bravos marujos, que na sua sede me receberam com seus frenéticos "anauês!"...

Grita na sua voz toda a voz do Passado; o timbre audaz do comando nas horas trágicas e gloriosas: o rugido dos canhões, afirmando a soberania nacional; o clamor das tempestades no mar alto; mugido dos apitos; o canto das ondas verdes...

Há nos seus olhos brilho, o mesmo brilho que rutilou no olhar dos marinheiros da primeira esquadra das lutas da Independência; o entusiasmo de seus semblantes ainda é aquele que incendiou os rostos tostados dos brasileiros no Passo da Pátria, como na etapa gloriosa de Riachuelo.

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Que pretendem eles, nos dias escuros de hoje? Sustentar a honra do Brasil contra o comunismo e a anarquia.

Que fazem eles no Integralismo? Aprendem a ser mais corretos, mais disciplinados, mais laboriosos nos seus corpos, nas suas guarnições.

Que sonham eles? Uma Grande Pátria.

Mas, uma Pátria, construída em que fundamentos? Nos únicos fundamentos estáveis, indestrutíveis: Deus, Pátria, Família.

Como se portam perante o Poder Constituído? Respeitosamente.

De que modo querem vencer? Pela formação de uma consciência nacional, pela união de todos os brasileiros, pela unidade de um pensamento e de um sentimento.

Quando? Não os interessa; um dia, o Brasil inteiro clamará, apelando para os camisas-verdes. Os camisas-verdes não são nem governistas, nem oposicionistas: são brasileiros e amam seus irmãos, ainda quando afastados deles e mesmo quando sejam seus inimigos.

A Província do Mar é uma escola de civismo, de patriotismo, de abnegação, de disciplina, de entusiasmo, de energia. Ali se retemperam os espíritos. Quando todos os brasileiros forem iguais a estes, haverá paz, tranquilidade, prosperidade, força nacionais,

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A minha visita à Província do Mar encantou-me. Mais de uma centena de navios leva no seu bojo um núcleo do Sigma. Eles realizam o milagre da multiplicação, tanto no mar como em terra, por onde andam.

Numa viagem que fiz a Santa Catharina, trocamos radiogramas com as tripulações integralistas dos navios em trânsito. A nossa saudação ritual tem cruzado constantemente os espaços marítimos. É a voz do Brasil, a mesma voz que retumba nos sertões remotos e atravessa o oceano.

Neste momento, tão triste, encontrei motivos de alegria intensa junto dos camisas-verdes da Província do Mar.

Eu lhes dirigi a palavra. O salão vibrou delirantemente.

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A saída passei por um gabinete, onde dois mocinhos trabalhavam, dando conta de suas tarefas. Olhei bem para eles. Pensei comigo: "Possa eu construir a Grande Nação: e que, um dia, as crianças de hoje. que serão moços de amanhã, exatamente como estes, cerrem minhas pálpebras, enquanto os meus ouvidos escutem um rumor de trabalho e de força, de alegria e de glória".

Saí por entre centenas de marítimos. Seus olhos brilhavam. Suas fisionomias se abriam. E eu caminhei, no meio deles, sentindo, no fundo do coração, que uma grande obra já está realizada pelo Integralismo.

Indestrutivelmente. Para sempre.

Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 29 de Março de 1936.

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