Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi
possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
EM FACE DO FUTURO (18/10/1936)
PLÍNIO SALGADO
Estou
regressando do Teatro João Caetano. Acabo de receber o juramento das Cortes do
Sigma. Foi um episódio imponente e impressionante. Diante de milhares de integralistas
que apinhavam plateia, as frisas, os camarotes, as galerias, numa vibração
formidável, foi feita a chamada dos membros do Supremo Conselho, dos dez Secretários
Nacionais, dos membros da Câmara dos Quarenta, dos vinte e três Chefes
Provinciais e dos dignatários que completam a máxima autoridade colectiva do
Integralismo.
Em seguida, e
após a entrega dos diplomas aos membros da Câmara dos Quarenta, procedeu-se à
cerimônia tocante do juramento.
As Cortes do
Sigma juraram perante o Chefe Nacional manter para todo o sempre os princípios
fundamentais que alicerçam o edifício do Estado Integral. Juraram não permitir
que jamais se apague o incêndio verde da face do território brasileiro. Juraram
transmitir aos seus descendentes a doutrina do Sigma, tão pura como a receberam
das mãos do Chefe Nacional.
Recebendo esse
juramento, senti a perpetuidade desta Força desencadeada pelo Bem do Brasil.
Nada mais poderá conte-la. Nada mais deterá o passo firme desta e das futuras
gerações de camisas-verdes.
Depois de
ouvir os discursos dos oradores da magna sessão, levantei-me, à meia noite, e
encerrei as cerimônias dirigindo-me a todos os camisas-verdes da imensa Pátria.
É essa palavra
que vos transmito agora, a todos vós, integralistas de todas as Províncias e de
todas as Cidades Brasileiras.
Em 1934 - declarei
à grande massa verde que se comprimia no Teatro João Caetano - eu cumpri o meu dever para com o Presente, na
cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, quando encerrei o primeiro
Congresso Nacional Integralista. Naquela ocasião, depois de um árduo
apostolado, tendo já percorrido as capitais e os sertões, achei que devia estruturar
o Movimento, organizar os seus serviços, entregar aos homens da minha geração o
trabalho que tinha feito, e pedir aos meus irmãos de ideal que escolhessem um
Chefe. Eles me escolheram e não foi culpa minha, porque eu não queria. Renunciei
três vezes e três vezes eles me impuseram o sofrimento. Tive de aceita-lo por
disciplina. Eu preferiria ser um obscuro mas fecundo soldado da grande Causa.
Tive de continuar na direção da campanha.
Neste posto,
lutei estes dois anos últimos. O Integralismo é hoje uma força nacional, uma expressão
de pensamento novo que empolgou as almas. E eu meditava sobre isso, pensando
que me tocava cumprir um dever para com o Futuro.
Esse dever
consistia em garantir a perpetuidade desta força criadora da Nacionalidade e
alicerçadora da futura Civilização que sairá da América para iluminar o Mundo.
Como garantir
essa perpetuidade?
Resolvi organizar
a suprema autoridade coletiva do Integralismo. Essa autoridade coletiva são as
Cortes do Sigma.
Constituem as
Cortes do Sigma dez membros do Supremo Conselho Integralista; dez Secretarias
Nacionais; quarenta membros da Câmara dos Quarenta; 23 Chefes Provinciais e 400
dignitários de todas as regiões do país, no todo 483 pessoas, cujo dever
fundamental é manter por todo o sempre a intangibilidade da nossa doutrina e a
permanência do nosso Movimento no Brasil. Cada novo membro de qualquer dessas
corporações terá de prestar o mesmo juramento que agora prestam coletivamente
as Cortes do Sigma. Este Movimento não acabará mais. Não haverá mais perseguições,
opressões, martírios que o detenham. É um estado de espírito. É uma constante na História do Brasil.
Todos os casos estão previstos. Morto, exilado, preso, doente, ausente, o Chefe
ou qualquer membro do Supremo Conselho, o Movimento não parará um Instante
sequer. Desde ontem, o Integralismo não depende mais de homens, porque se
tornou o irremovível fenômeno social.
Afirmei à massa dos camisas-verdes que
me escutavam que, apesar de tudo, eu temia: não os adversários, porque estes
são geradores providenciais de novas energias, mas a nossa própria condição
humana.
O Integralismo proclama alguns princípios
imutáveis: o princípio de Deus, do qual decorre todo um conceito de harmonia
universal. O princípio dessa própria harmonia de que deriva toda uma concepção
de ritmo social. O princípio da moral cristã que inspira a Autoridade na
manutenção da justiça equilibradora dos movimentos humanos da sociedade. O
princípio da Autoridade, da qual decorre a ideia do Estado Ético. O princípio
do Estado Ético que se inspira no respeito da personalidade humana. O princípio
da personalidade humana de que se origina o conceito do livre arbítrio, da
liberdade. O princípio da liberdade, de que deriva a concepção da Família Autônoma.
O princípio da Família intangível, de que decorre os direitos de vida expressos
nos interesses dos grupos econômicos e o conceito da propriedade cristã, como base
material da família. O princípio dos interesses econômicos e da propriedade de que
deriva a autonomia do município. O princípio do município que fortalece a Unidade
da Pátria. O princípio da Unidade da Pátria, que se exprime na máxima expressão
de soberania e de força do Estado. Finalmente, o princípio da política moral,
da política cristã, que transcende os princípios limites da Nação, para
abranger todos os aglomerados humanos.
Estes princípios são imutáveis, mas a
revolução do Estado é permanente ao tocante a suas expressões formais. Esse
princípio da revolução permanente é inerente ao livre arbítrio do Espírito, da Personalidade
Humana, que se reflete no livro arbítrio do Estado.
A transmissão, pois, dessas ideias às
gerações futuras compete aos que se tornaram responsáveis pela intangibilidade
da doutrina integralista,
As Cortes do Sigma assumiram essa
responsabilidade perante mim. E eu pude ver melhor o Futuro da minha Pátria.
Pude antecipar a História. Pude ter a certeza de que o Brasil que nos espera
nos berços continuará nas realizações do Porvir este pensamento filosófico e
politico.
Por isso a sessão de ontem no Teatro
João Caetano teve uma imponência e uma significação extraordinárias.
O avançado da hora não me permite vos
escrever mais - Camisas-verdes da Pátria - depois de um dia trabalhoso, em que presidi
uma sessão diurna em que ouvi, um por um, os Chefes Provinciais, vendo desfilar
o Brasil diante dos meus olhos, e de uma noite emocional, de tamanha
significação para vós e para mim, para o Presente e para o Futuro.
Anuncio-vos, apenas, nestas linhas
improvisadas já madrugada, na redação do vosso jornal, "que o Integralismo
imortalizou-se ontem, imunizou-se contra todos os seus inimigos.
Ergui meu pensamento a Deus e, diante
da magnitude e esplendor de tudo quanto temos realizado, eu pedi ao Senhor que
nos desse força e nos iluminasse com a sua Eterna Luz, pois somos homens e, nos
momentos em que nos sentimos mais vitoriosos, devemos mais reconhecer a nossa
humildade e tudo esperar d'Aquele que tudo pode e pode mais do que os Governadores
da Terra, porque é o Comandante das Estrêlas no infinito do Tempo e dos
Espaços.
Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 18 de Outubro de 1936
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