segunda-feira, 1 de julho de 2024

EM FACE DO FUTURO (18/10/1936)

 

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/

EM FACE DO FUTURO (18/10/1936)

PLÍNIO SALGADO

Estou regressando do Teatro João Caetano. Acabo de receber o juramento das Cortes do Sigma. Foi um episódio imponente e impressionante. Diante de milhares de integralistas que apinhavam plateia, as frisas, os camarotes, as galerias, numa vibração formidável, foi feita a chamada dos membros do Supremo Conselho, dos dez Secretários Nacionais, dos membros da Câmara dos Quarenta, dos vinte e três Chefes Provinciais e dos dignatários que completam a máxima autoridade colectiva do Integralismo.

Em seguida, e após a entrega dos diplomas aos membros da Câmara dos Quarenta, procedeu-se à cerimônia tocante do juramento.

As Cortes do Sigma juraram perante o Chefe Nacional manter para todo o sempre os princípios fundamentais que alicerçam o edifício do Estado Integral. Juraram não permitir que jamais se apague o incêndio verde da face do território brasileiro. Juraram transmitir aos seus descendentes a doutrina do Sigma, tão pura como a receberam das mãos do Chefe Nacional.

Recebendo esse juramento, senti a perpetuidade desta Força desencadeada pelo Bem do Brasil. Nada mais poderá conte-la. Nada mais deterá o passo firme desta e das futuras gerações de camisas-verdes.

Depois de ouvir os discursos dos oradores da magna sessão, levantei-me, à meia noite, e encerrei as cerimônias dirigindo-me a todos os camisas-verdes da imensa Pátria.

É essa palavra que vos transmito agora, a todos vós, integralistas de todas as Províncias e de todas as Cidades Brasileiras.

Em 1934 - declarei à grande massa verde que se comprimia no Teatro João Caetano -  eu cumpri o meu dever para com o Presente, na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, quando encerrei o primeiro Congresso Nacional Integralista. Naquela ocasião, depois de um árduo apostolado, tendo já percorrido as capitais e os sertões, achei que devia estruturar o Movimento, organizar os seus serviços, entregar aos homens da minha geração o trabalho que tinha feito, e pedir aos meus irmãos de ideal que escolhessem um Chefe. Eles me escolheram e não foi culpa minha, porque eu não queria. Renunciei três vezes e três vezes eles me impuseram o sofrimento. Tive de aceita-lo por disciplina. Eu preferiria ser um obscuro mas fecundo soldado da grande Causa. Tive de continuar na direção da campanha.

Neste posto, lutei estes dois anos últimos. O Integralismo é hoje uma força nacional, uma expressão de pensamento novo que empolgou as almas. E eu meditava sobre isso, pensando que me tocava cumprir um dever para com o Futuro.

Esse dever consistia em garantir a perpetuidade desta força criadora da Nacionalidade e alicerçadora da futura Civilização que sairá da América para iluminar o Mundo.

Como garantir essa perpetuidade?

Resolvi organizar a suprema autoridade coletiva do Integralismo. Essa autoridade coletiva são as Cortes do Sigma.

Constituem as Cortes do Sigma dez membros do Supremo Conselho Integralista; dez Secretarias Nacionais; quarenta membros da Câmara dos Quarenta; 23 Chefes Provinciais e 400 dignitários de todas as regiões do país, no todo 483 pessoas, cujo dever fundamental é manter por todo o sempre a intangibilidade da nossa doutrina e a permanência do nosso Movimento no Brasil. Cada novo membro de qualquer dessas corporações terá de prestar o mesmo juramento que agora prestam coletivamente as Cortes do Sigma. Este Movimento não acabará mais. Não haverá mais perseguições, opressões, martírios que o detenham. É um estado de espírito. É uma constante na História do Brasil. Todos os casos estão previstos. Morto, exilado, preso, doente, ausente, o Chefe ou qualquer membro do Supremo Conselho, o Movimento não parará um Instante sequer. Desde ontem, o Integralismo não depende mais de homens, porque se tornou o irremovível fenômeno social.

Afirmei à massa dos camisas-verdes que me escutavam que, apesar de tudo, eu temia: não os adversários, porque estes são geradores providenciais de novas energias, mas a nossa própria condição humana.

O Integralismo proclama alguns princípios imutáveis: o princípio de Deus, do qual decorre todo um conceito de harmonia universal. O princípio dessa própria harmonia de que deriva toda uma concepção de ritmo social. O princípio da moral cristã que inspira a Autoridade na manutenção da justiça equilibradora dos movimentos humanos da sociedade. O princípio da Autoridade, da qual decorre a ideia do Estado Ético. O princípio do Estado Ético que se inspira no respeito da personalidade humana. O princípio da personalidade humana de que se origina o conceito do livre arbítrio, da liberdade. O princípio da liberdade, de que deriva a concepção da Família Autônoma. O princípio da Família intangível, de que decorre os direitos de vida expressos nos interesses dos grupos econômicos e o conceito da propriedade cristã, como base material da família. O princípio dos interesses econômicos e da propriedade de que deriva a autonomia do município. O princípio do município que fortalece a Unidade da Pátria. O princípio da Unidade da Pátria, que se exprime na máxima expressão de soberania e de força do Estado. Finalmente, o princípio da política moral, da política cristã, que transcende os princípios limites da Nação, para abranger todos os aglomerados humanos.

Estes princípios são imutáveis, mas a revolução do Estado é permanente ao tocante a suas expressões formais. Esse princípio da revolução permanente é inerente ao livre arbítrio do Espírito, da Personalidade Humana, que se reflete no livro arbítrio do Estado.

A transmissão, pois, dessas ideias às gerações futuras compete aos que se tornaram responsáveis pela intangibilidade da doutrina integralista,

As Cortes do Sigma assumiram essa responsabilidade perante mim. E eu pude ver melhor o Futuro da minha Pátria. Pude antecipar a História. Pude ter a certeza de que o Brasil que nos espera nos berços continuará nas realizações do Porvir este pensamento filosófico e politico.

Por isso a sessão de ontem no Teatro João Caetano teve uma imponência e uma significação extraordinárias.

O avançado da hora não me permite vos escrever mais - Camisas-verdes da Pátria -  depois de um dia trabalhoso, em que presidi uma sessão diurna em que ouvi, um por um, os Chefes Provinciais, vendo desfilar o Brasil diante dos meus olhos, e de uma noite emocional, de tamanha significação para vós e para mim, para o Presente e para o Futuro.

Anuncio-vos, apenas, nestas linhas improvisadas já madrugada, na redação do vosso jornal, "que o Integralismo imortalizou-se ontem, imunizou-se contra todos os seus inimigos.

Ergui meu pensamento a Deus e, diante da magnitude e esplendor de tudo quanto temos realizado, eu pedi ao Senhor que nos desse força e nos iluminasse com a sua Eterna Luz, pois somos homens e, nos momentos em que nos sentimos mais vitoriosos, devemos mais reconhecer a nossa humildade e tudo esperar d'Aquele que tudo pode e pode mais do que os Governadores da Terra, porque é o Comandante das Estrêlas no infinito do Tempo e dos Espaços.

Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 18 de Outubro de 1936

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