Esclarecimento:
A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do
Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da
História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o
acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito
Federal. Aos que desejarem conhecer mais
o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos:
https://www.instagram.com/paulofernandodf/
Índices
culturais (07/03/1936)
PLÍNIO SALGADO
Acabo
de receber do Ceará, uma bela revista dos camisas-verdes. Chama-se “Synthese”.
Abre com um trecho de “A Quarta Humanidade”, onde afirma que, para o homem
moderno, do século XX, não há “direita” nem “esquerda”, tal a compreensão do
Universo que hoje nos distingue da mentalidade dos séculos anteriores.
Essa
transcrição indica-me o rumo da revista dos integralistas cearenses. Começo a
folhear o interessantíssimo periódico. Encontro estudos de grande valor,
ferindo aspectos doutrinários, técnicos, desenvolvendo comentários sobre assuntos
da vida brasileira sob novos e originais pontos de vista de uma geração criadora
e potente.
Lendo
“Synthese”, orgulho-me do nosso movimento. Um grande entusiasmo ferve no meu coração.
E pergunto a mim mesmo:
-
Quando foi que se fez um movimento assim neste país?
Mas
então não é extraordinário, fantástico, isto que está organizado, funcionando,
com energia criadora e racionalização de eficiências, com a precisão de um maquinismo?
Nós
temos tido no Brasil muitas iniciativas EFÊMERAS e PARCIAIS. Movimentos literários
passageiros; movimentos científicos, ocasionais; campanhas educacionais; obras
de beneficência; organizações artísticas; correntes politicas.
Cada
coisa, porém, isolada, separada completamente de outras atividades. Todas para
uma emergência, com duração limitada.
E
o Integralismo? Esse realiza uma prodigiosa máquina, TOTALIZADORA e PERMANENTE!
Não
é formidável?
Construção
grandiosa no ESPACO e no TEMPO, na COMPLEXIDADE de seus objetivos e na
MULTIPLICIDADE de seus efeitos.
Admiram-se
todos pelo simples fato de ser a “Ação Integralista Brasileira” o único Partido
Nacional, sob todos os aspectos: legal, ideológico, eficiente, real, concreto,
abrangendo todo o território da Pátria, sem preocupação de fronteiras provinciais.
Isso,
realmente, já é um assombro, si considerarmos que nem no Império e nem na República
se teve uma coisa igual. As tentativas frustradas de homens eminentes como
Pinheiro Machado, Ruy Barbosa, Nilo Peçanha, no sentido de se criar um “partido
nacional” tornam esta realização do Integralismo ainda mais imponente.
Mas
isso, que espanta aos que estudam o nosso movimento como partido, é apenas um
pormenor da organização muito mais ampla, constituída pela “Ação Integralista
Brasileira”.
O
nosso movimento contém o “partido nacional”, que, de si mesmo, é grandioso;
porém o movimento é muito maior, muito mais profundo, extenso, intenso,
complexo, totalizador e eficiente em todos os ramos da atividade do país.
É
movimento filosófico; é movimento de nova cultura jurídica; é movimento de
renovação da Economia; é movimento literário; é movimento artístico, abrangendo
todos os campos das atividades estéticas; é movimento educacional e cívico; é
movimento de educação física; é movimento de assistência social; é movimento de
mobilização da mulher brasileira; é movimento criador de nova orientação
militar; é movimento proletário; é movimento universitário.
A
penetração do Integralismo na alma brasileira pode-se avaliar mediante os
algarismos: 2.028 núcleos disseminados pela carta geográfica do Brasil; 103
jornais semanais; várias revistas ilustradas; 5 jornais diários; duas revistas
de cultura, “Panorama”, em São Paulo, e “Synthese”, em Fortaleza; mais de 40
livros publicados; núcleos universitários em todas as escolas superiores e centenas
de escolas secundárias; núcleos nos quartéis, nos navios, nas fábricas, nas
fazendas...
A
revolução espiritual que o Integralismo vem realizando, não há quem, honesto,
de boa fé, não admire. Temos criado uma disciplina, uma capacidade de renúncia,
uma solidariedade perfeita, um poder de sacrifício, uma unidade de pensamento e
de sentimento.
A
atitude do Integralismo logo se destaca na massa informe: é ereta, viril,
desassombrada, iluminada por um espiritualismo que o eleva a Deus, por um ardor
místico da Grande Pátria, que o dignifica, por uma correção moral que o blinda
contra as misérias de uma sociedade corrupta.
Pode
haver exceções, pois os traidores, os indignos, em todos os tempos, sempre
conseguiram se infiltrar nas fileiras de todos os heróis; mas o padrão geral é
de tão superior estofo, a onda revolucionaria é tão assoberbante, que os hipócritas
dificilmente se aguentarão entre os camisas-verdes: ou se sentem mal, e fogem
expontaneamente, ou são esmagados pela força do movimento.
Tudo
isso está feito. Está aí. Já ninguém, pode contestar, porque a nossa realidade
é dominadora.
Somos
uma grandiosa massa de perto de um milhão de brasileiros: velhos, moços,
mulheres, crianças; operários, estudantes, marinheiros, camponeses: gente de
todas as profissões, de todas as regiões brasileiras; gente da cidade e dos
sertões. Vultos os mais eminentes no pensamento, nas letras, nas ciências do
Brasil; multidões as mais humildes e obscuras de analfabetos e desamparados.
Fulgurando
como uma promessa de futuro radioso, a mocidade da Pátria! Que maravilhosa!
Como, ela exprime bem o tipo de “homem novo”! Ela, a juventude integralista, já
não tolera o tipo do moço materialista, gozador, improbo, indiferente aos
destinos da Nação, fútil, preocupado com todas as exterioridades ridículas
através das quais se judaíza um povo; ela, a juventude do Sigma, quer ser pura,
quer ser forte, quer ser vigorosa. quer ser culta, quer saber sacrificar-se,
ama os perigos, glorifica a vida no esplendor das batalhas, ilumina-a à luz de
um ideal superior.
Essa
mocidade aí está. É uma realidade. Viram-na em São João d'El-Rey, maravilhosa
de força e de glória.
Vendo
o que essa juventude brasileira está pelo milagre do Integralismo, realizando
no terreno cultural, eu me orgulho do meu país.
Lendo
“Panorama”, de São Paulo, “Synthese”, de Fortaleza, sinto que a obra que
empreendi realizar tem sólidos alicerces.
Não
edifiquei uma barraca, um rancho, um galpão, de emergência, não tive pressa,
trabalhei devagar; a luta foi penosa, excruciante, mas foi bela. Bati o aço da
minha raça e dele se desprenderam centelhas maravilhosas.
Hoje,
o que o Integralismo já é, representa, apenas, isto: o maior movimento da
Historia, já não digo como volume, extensão, profundidade espiritual,
complexidade, totalidade, mas por isto que tenho diante dos olhos, dentro das páginas
destas duas revistas: cultura!
Publicado na A
OFFENSIVA em 07 de Março de 1936.
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