terça-feira, 28 de março de 2023

Índices culturais (07/03/1936)

 

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal.  Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/

Índices culturais (07/03/1936)

PLÍNIO SALGADO

Acabo de receber do Ceará, uma bela revista dos camisas-verdes. Chama-se “Synthese”. Abre com um trecho de “A Quarta Humanidade”, onde afirma que, para o homem moderno, do século XX, não há “direita” nem “esquerda”, tal a compreensão do Universo que hoje nos distingue da mentalidade dos séculos anteriores.

Essa transcrição indica-me o rumo da revista dos integralistas cearenses. Começo a folhear o interessantíssimo periódico. Encontro estudos de grande valor, ferindo aspectos doutrinários, técnicos, desenvolvendo comentários sobre assuntos da vida brasileira sob novos e originais pontos de vista de uma geração criadora e potente.

Lendo “Synthese”, orgulho-me do nosso movimento. Um grande entusiasmo ferve no meu coração. E pergunto a mim mesmo:

- Quando foi que se fez um movimento assim neste país?

Mas então não é extraordinário, fantástico, isto que está organizado, funcionando, com energia criadora e racionalização de eficiências, com a precisão de um maquinismo?

Nós temos tido no Brasil muitas iniciativas EFÊMERAS e PARCIAIS. Movimentos literários passageiros; movimentos científicos, ocasionais; campanhas educacionais; obras de beneficência; organizações artísticas; correntes politicas.

Cada coisa, porém, isolada, separada completamente de outras atividades. Todas para uma emergência, com duração limitada.

E o Integralismo? Esse realiza uma prodigiosa máquina, TOTALIZADORA e PERMANENTE!

Não é formidável?

Construção grandiosa no ESPACO e no TEMPO, na COMPLEXIDADE de seus objetivos e na MULTIPLICIDADE de seus efeitos.

Admiram-se todos pelo simples fato de ser a “Ação Integralista Brasileira” o único Partido Nacional, sob todos os aspectos: legal, ideológico, eficiente, real, concreto, abrangendo todo o território da Pátria, sem preocupação de fronteiras provinciais.

Isso, realmente, já é um assombro, si considerarmos que nem no Império e nem na República se teve uma coisa igual. As tentativas frustradas de homens eminentes como Pinheiro Machado, Ruy Barbosa, Nilo Peçanha, no sentido de se criar um “partido nacional” tornam esta realização do Integralismo ainda mais imponente.

Mas isso, que espanta aos que estudam o nosso movimento como partido, é apenas um pormenor da organização muito mais ampla, constituída pela “Ação Integralista Brasileira”.

O nosso movimento contém o “partido nacional”, que, de si mesmo, é grandioso; porém o movimento é muito maior, muito mais profundo, extenso, intenso, complexo, totalizador e eficiente em todos os ramos da atividade do país.

É movimento filosófico; é movimento de nova cultura jurídica; é movimento de renovação da Economia; é movimento literário; é movimento artístico, abrangendo todos os campos das atividades estéticas; é movimento educacional e cívico; é movimento de educação física; é movimento de assistência social; é movimento de mobilização da mulher brasileira; é movimento criador de nova orientação militar; é movimento proletário; é movimento universitário.

A penetração do Integralismo na alma brasileira pode-se avaliar mediante os algarismos: 2.028 núcleos disseminados pela carta geográfica do Brasil; 103 jornais semanais; várias revistas ilustradas; 5 jornais diários; duas revistas de cultura, “Panorama”, em São Paulo, e “Synthese”, em Fortaleza; mais de 40 livros publicados; núcleos universitários em todas as escolas superiores e centenas de escolas secundárias; núcleos nos quartéis, nos navios, nas fábricas, nas fazendas...

A revolução espiritual que o Integralismo vem realizando, não há quem, honesto, de boa fé, não admire. Temos criado uma disciplina, uma capacidade de renúncia, uma solidariedade perfeita, um poder de sacrifício, uma unidade de pensamento e de sentimento.

A atitude do Integralismo logo se destaca na massa informe: é ereta, viril, desassombrada, iluminada por um espiritualismo que o eleva a Deus, por um ardor místico da Grande Pátria, que o dignifica, por uma correção moral que o blinda contra as misérias de uma sociedade corrupta.

Pode haver exceções, pois os traidores, os indignos, em todos os tempos, sempre conseguiram se infiltrar nas fileiras de todos os heróis; mas o padrão geral é de tão superior estofo, a onda revolucionaria é tão assoberbante, que os hipócritas dificilmente se aguentarão entre os camisas-verdes: ou se sentem mal, e fogem expontaneamente, ou são esmagados pela força do movimento.

Tudo isso está feito. Está aí. Já ninguém, pode contestar, porque a nossa realidade é dominadora.

Somos uma grandiosa massa de perto de um milhão de brasileiros: velhos, moços, mulheres, crianças; operários, estudantes, marinheiros, camponeses: gente de todas as profissões, de todas as regiões brasileiras; gente da cidade e dos sertões. Vultos os mais eminentes no pensamento, nas letras, nas ciências do Brasil; multidões as mais humildes e obscuras de analfabetos e desamparados.

Fulgurando como uma promessa de futuro radioso, a mocidade da Pátria! Que maravilhosa! Como, ela exprime bem o tipo de “homem novo”! Ela, a juventude integralista, já não tolera o tipo do moço materialista, gozador, improbo, indiferente aos destinos da Nação, fútil, preocupado com todas as exterioridades ridículas através das quais se judaíza um povo; ela, a juventude do Sigma, quer ser pura, quer ser forte, quer ser vigorosa. quer ser culta, quer saber sacrificar-se, ama os perigos, glorifica a vida no esplendor das batalhas, ilumina-a à luz de um ideal superior.

Essa mocidade aí está. É uma realidade. Viram-na em São João d'El-Rey, maravilhosa de força e de glória.

Vendo o que essa juventude brasileira está pelo milagre do Integralismo, realizando no terreno cultural, eu me orgulho do meu país.

Lendo “Panorama”, de São Paulo, “Synthese”, de Fortaleza, sinto que a obra que empreendi realizar tem sólidos alicerces.

Não edifiquei uma barraca, um rancho, um galpão, de emergência, não tive pressa, trabalhei devagar; a luta foi penosa, excruciante, mas foi bela. Bati o aço da minha raça e dele se desprenderam centelhas maravilhosas.

Hoje, o que o Integralismo já é, representa, apenas, isto: o maior movimento da Historia, já não digo como volume, extensão, profundidade espiritual, complexidade, totalidade, mas por isto que tenho diante dos olhos, dentro das páginas destas duas revistas: cultura!

 

Publicado na A OFFENSIVA em 07 de Março de 1936.

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