Esclarecimento:
A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do
Prof. Paulo Fernando Melo, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da
História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o
acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito
Federal. Aos que desejarem conhecer mais
o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
O
INTEGRALISMO EM S. PAULO (05/03/1936)
Plínio
Salgado
O
Integralismo realizou a sua primeira marcha no planalto de Piratininga, na tarde
de 23 de abril de 1933, alguns meses depois do aparecimento do Manifesto de
Outubro de 1932, que, sobre as cinzas da guerra fratricida, desfraldou a bandeira
da mocidade da Pátria.
Nesse
lugar onde Anchieta iniciou a evangelização das selvas; nesse lugar onde se
processaram os primeiros caldeamentos étnicos; nesse lugar de onde partiram um
dia os Bandeirantes para romper com o meridiano das Tordesilhas e dilatar os limites
da futura Grande Nação; nesse lugar onde, mais tarde, D. Pedro I, às margens do
Ipiranga, proclamava a independência do Brasil alguns estudantes e operários,
em torno de mim, prepararam-se para a grande obra de disseminação da doutrina
do Sigma.
No
meio da tristeza e dos ressentimentos, que criavam um complexo de inferioridade
lamentável, renunciante dos grandes ideais e do sentido superior de construção
de uma Pátria sobre os alicerces lançados, trezentos anos antes, pelos rudes
sertanistas, eu saí à rua com aqueles homens que acreditavam, que confiavam,
que marchavam com a firme certeza de que estavam, naquele instante, iniciando
uma radiosa epopeia da raça.
O
Integralismo, em seguida, pela nossa ação constante, pela sementeira das
palavras de fé que as nossas “entradas” lançavam sobre o coração brasileiro,
irrompeu gloriosamente em todos os recantos do país.
Somos
hoje 2.023 núcleos em toda a carta geográfica da Pátria. Somos uma força
nacional. Na Amazônia, no Nordeste, no Centro, no Litoral, no Oeste e no Sul,
está desfraldada a bandeira azul e branca e homens de camisa-verde, se reúnem
para pensar juntos, para sentir juntos, para juntos lutarem contra as forças de
dissolução e de ruína, para juntos se prepararem para o advento de uma Grande
Era de realizações nacionais.
Σ
Agora,
que o Integralismo cresceu por todas as províncias; agora que é a única força
nacional organizada; agora que não somos nós, porém, a justiça eleitoral que,
através das apurações das eleições municipais, vai contando, dia a dia, o número
dos brasileiros que envergam a camisa verde e que, já em seis Estados, levaram
mais de 80.000 votos; agora que moços, velhos, mulheres e crianças, formando
uma só corrente de pensamento e sentimento, realizam um milagre histórico sem
precedente, eu fui rever o interior da terra paulista e verifiquei até que
ponto em São Paulo o Integralismo é uma força.
Corri
algumas cidades da Araraquarense. O numero de camisas verdes é muito grande e
aumenta dia por dia. Tomei informações preciosas. Sei que em Rio Preto, grande
cidade do sertão, o nosso movimento tomou um impulso notabilíssimo. Sei que
Monte Aprazível, Tanabi, Catanduva, Pindorama, oferecem índices notáveis do
progresso do nosso movimento. Sei que Matão continua sendo um primor de crescimento
e de força do Sigma. Recebi a visita de uma comissão de Santa Adélia. Abracei
companheiros de Ibitinga. Em Monte Alto, vi uma sede nova, um departamento feminino
cantando as nossas canções com admirável entusiasmo, novos inscritos, espíritos
de luta. Em Taquaritinga, o ambiente que encontrei desta vez é notável de
interesse, por parte da população, e as adesões se multiplicam de um modo
impressionante, tendo eu assistido ao juramento de 10 novos companheiros por
ocasião de uma conferência que fiz. Em Araraquara foi um esplendor. Lancei ali a campanha eleitoral para os próximos
pleitos municipais.
Dezenas
de chefes de municípios, vários governadores de regiões estão presentes. Ao
jantar, vejo em torno de mim as cidades de uma das zonas mais belas de São
Paulo. Na mesa, que se estende, verdejante de camisas integralistas, sinto a
força, o esplendor desta ideia e, ao mesmo tempo, evoco a magnificência da
terra, a energia destas cidades novas e vibrantes de trabalho e de esperança.
Σ
Posso
anunciar aos integralistas da Pátria, aos meus queridos camisas-verdes de todas
as províncias, que eu evoco, cheio de saudade, olhando o mapa do meu Brasil,
que em São Paulo o Integralismo é também uma força. De todas as regiões me
chegam telegramas, solicitando minha visita: Alta Sorocabana, Baixa-Sorocabana,
Central do Brasil, Noroeste, Mogiana ...
Quanto
mais pretendem perseguir o Integralismo, mais ele cresce. Quanto mais lhe criam
dificuldades, mais se anima. Nunca paralisa o número de inscrições. Todos os
dias, novos juramentos. Um profundo espírito de renovação empolga as cidades
paulistas.
Estou
observando que os partidos estaduais vão se enfraquecendo, visivelmente. Seus
eleitores votam por votar, sem amor. Seus chefes locais dizem para quem quiser
ouvir, que estão acompanhando “isto” por não ter outro remédio, devido a
compromissos assumidos e que logo que se desvencilhem deles, tratarão de
ingressar no Integralismo, única salvação nacional.
O
“moral da tropa” adversária, para aplicarmos uma expressão militar a esta luta
politica, o “moral” está muito abatido. Porque, no fundo, todos admiram o Integralismo.
Todos nos olham com simpatia. Todos nos respeitam, pelas nossas convicções e, principalmente,
pela linha de coerência política mantida, desde 1932, sem alteração, pelos
camisas-verdes.
O
povo paulista é observador e desconfiado. Ora, desde 1932, o Integralismo foi a
única corrente política que, através de suas atitudes, demonstrou uma unidade
de orientação, quer em doutrina, quer na prática, absolutamente consoante à
grande altivez deste povo.
Olhados
com desconfianças, no começo, os camisas-verdes prosseguiram. Os fatos foram demonstrando
que não se tratava de oportunistas. Para o povo piratiningano não adiantava alegar,
proclamar as virtudes do nosso movimento. Ele é como São Tomé: quer ver para
crer.
E
viu. E está acreditando. Três anos de coerência política firmaram o prestigio
moral dos soldados do Sigma.
Os
paulistas de brio votarão com eles. Eu confio nas próximas eleições municipais.
Transcrito
de A OFFENSIVA de 05 de Março de
1936.
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