quinta-feira, 16 de março de 2023

O INTEGRALISMO EM S. PAULO (05/03/1936)

 


Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando Melo, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal.  Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/

O INTEGRALISMO EM S. PAULO (05/03/1936)

Plínio Salgado

O Integralismo realizou a sua primeira marcha no planalto de Piratininga, na tarde de 23 de abril de 1933, alguns meses depois do aparecimento do Manifesto de Outubro de 1932, que, sobre as cinzas da guerra fratricida, desfraldou a bandeira da mocidade da Pátria.

 

Nesse lugar onde Anchieta iniciou a evangelização das selvas; nesse lugar onde se processaram os primeiros caldeamentos étnicos; nesse lugar de onde partiram um dia os Bandeirantes para romper com o meridiano das Tordesilhas e dilatar os limites da futura Grande Nação; nesse lugar onde, mais tarde, D. Pedro I, às margens do Ipiranga, proclamava a independência do Brasil alguns estudantes e operários, em torno de mim, prepararam-se para a grande obra de disseminação da doutrina do Sigma.

 

No meio da tristeza e dos ressentimentos, que criavam um complexo de inferioridade lamentável, renunciante dos grandes ideais e do sentido superior de construção de uma Pátria sobre os alicerces lançados, trezentos anos antes, pelos rudes sertanistas, eu saí à rua com aqueles homens que acreditavam, que confiavam, que marchavam com a firme certeza de que estavam, naquele instante, iniciando uma radiosa epopeia da raça.

 

O Integralismo, em seguida, pela nossa ação constante, pela sementeira das palavras de fé que as nossas “entradas” lançavam sobre o coração brasileiro, irrompeu gloriosamente em todos os recantos do país.

 

Somos hoje 2.023 núcleos em toda a carta geográfica da Pátria. Somos uma força nacional. Na Amazônia, no Nordeste, no Centro, no Litoral, no Oeste e no Sul, está desfraldada a bandeira azul e branca e homens de camisa-verde, se reúnem para pensar juntos, para sentir juntos, para juntos lutarem contra as forças de dissolução e de ruína, para juntos se prepararem para o advento de uma Grande Era de realizações nacionais.

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Agora, que o Integralismo cresceu por todas as províncias; agora que é a única força nacional organizada; agora que não somos nós, porém, a justiça eleitoral que, através das apurações das eleições municipais, vai contando, dia a dia, o número dos brasileiros que envergam a camisa verde e que, já em seis Estados, levaram mais de 80.000 votos; agora que moços, velhos, mulheres e crianças, formando uma só corrente de pensamento e sentimento, realizam um milagre histórico sem precedente, eu fui rever o interior da terra paulista e verifiquei até que ponto em São Paulo o Integralismo é uma força.

 

Corri algumas cidades da Araraquarense. O numero de camisas verdes é muito grande e aumenta dia por dia. Tomei informações preciosas. Sei que em Rio Preto, grande cidade do sertão, o nosso movimento tomou um impulso notabilíssimo. Sei que Monte Aprazível, Tanabi, Catanduva, Pindorama, oferecem índices notáveis do progresso do nosso movimento. Sei que Matão continua sendo um primor de crescimento e de força do Sigma. Recebi a visita de uma comissão de Santa Adélia. Abracei companheiros de Ibitinga. Em Monte Alto, vi uma sede nova, um departamento feminino cantando as nossas canções com admirável entusiasmo, novos inscritos, espíritos de luta. Em Taquaritinga, o ambiente que encontrei desta vez é notável de interesse, por parte da população, e as adesões se multiplicam de um modo impressionante, tendo eu assistido ao juramento de 10 novos companheiros por ocasião de uma conferência que fiz. Em Araraquara foi um esplendor.  Lancei ali a campanha eleitoral para os próximos pleitos municipais.

 

Dezenas de chefes de municípios, vários governadores de regiões estão presentes. Ao jantar, vejo em torno de mim as cidades de uma das zonas mais belas de São Paulo. Na mesa, que se estende, verdejante de camisas integralistas, sinto a força, o esplendor desta ideia e, ao mesmo tempo, evoco a magnificência da terra, a energia destas cidades novas e vibrantes de trabalho e de esperança.

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Posso anunciar aos integralistas da Pátria, aos meus queridos camisas-verdes de todas as províncias, que eu evoco, cheio de saudade, olhando o mapa do meu Brasil, que em São Paulo o Integralismo é também uma força. De todas as regiões me chegam telegramas, solicitando minha visita: Alta Sorocabana, Baixa-Sorocabana, Central do Brasil, Noroeste, Mogiana ...

 

Quanto mais pretendem perseguir o Integralismo, mais ele cresce. Quanto mais lhe criam dificuldades, mais se anima. Nunca paralisa o número de inscrições. Todos os dias, novos juramentos. Um profundo espírito de renovação empolga as cidades paulistas.

 

Estou observando que os partidos estaduais vão se enfraquecendo, visivelmente. Seus eleitores votam por votar, sem amor. Seus chefes locais dizem para quem quiser ouvir, que estão acompanhando “isto” por não ter outro remédio, devido a compromissos assumidos e que logo que se desvencilhem deles, tratarão de ingressar no Integralismo, única salvação nacional.

 

O “moral da tropa” adversária, para aplicarmos uma expressão militar a esta luta politica, o “moral” está muito abatido. Porque, no fundo, todos admiram o Integralismo. Todos nos olham com simpatia. Todos nos respeitam, pelas nossas convicções e, principalmente, pela linha de coerência política mantida, desde 1932, sem alteração, pelos camisas-verdes.

 

O povo paulista é observador e desconfiado. Ora, desde 1932, o Integralismo foi a única corrente política que, através de suas atitudes, demonstrou uma unidade de orientação, quer em doutrina, quer na prática, absolutamente consoante à grande altivez deste povo.

 

Olhados com desconfianças, no começo, os camisas-verdes prosseguiram. Os fatos foram demonstrando que não se tratava de oportunistas. Para o povo piratiningano não adiantava alegar, proclamar as virtudes do nosso movimento. Ele é como São Tomé: quer ver para crer.

 

E viu. E está acreditando. Três anos de coerência política firmaram o prestigio moral dos soldados do Sigma.

 

Os paulistas de brio votarão com eles. Eu confio nas próximas eleições municipais.

 

Transcrito de A OFFENSIVA de 05 de Março de 1936.

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