Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
A
palavra mais autorizada (03/02/1937)
Plínio Salgado
No
dia de hoje, após a grandiosa, gigantesca manifestação dos camisas-verdes de
Guanabara às esposas e filhinhos dos integralistas baianos, presos pelo governador
da Bahia, e que ontem chegaram a esta Capital, eu sei que os soldados do Sigma
querem ler nestas colunas a palavra do Chefe.
A
Chefia Nacional, porém, considera, no dia de hoje, como a mais autorizada das
palavras, aquela que partiu, sob a emoção mais profunda, da esposa de Araújo
Lima, o valoroso Chefe Provincial da Bahia, encarcerado pelo crime de ser o
inimigo número um do comunismo naquela unidade da Federação.
Essa
palavra da senhora Araújo Lima é um desabafo e um testemunho. É um desabafo de
seu nobre coração abalado pelo espetáculo grandioso que assistiu ontem, após
tantos meses de martírio, com seus filhinhos, separada de seu esposo. É um
testemunho do que ontem se passou no Cais Mauá. E é, principalmente, um
testemunho das disposições com que esses 22 homens comparecem perante o
Tribunal de Segurança: as magnificas disposições dos que têm a consciência
tranquila, dos que sa- bem quem são os verdadeiros conspiradores contra o Governo
da Republica, dos que confiam na Justiça, perante a qual se apresentam, não em
atitude de desacato, como aqueles que são visitados por governadores, na
prisão, mas em atitude serena, respeitosa, confiante e digna.
Foram
estas, as palavras que escreveu, ontem. para a A OFFENSIVA, a senhora Araújo
Lima:
“Apesar
da coação que, desde setembro do ano próximo findo, sofrem os integralistas da
Província, hoje denominada “mártir”, mas na verdade bem compenetrada dos seus deveres,
- a despedida do povo baiano aos companheiros que expiam o crime de
corajosamente confessar a fé que depositam nos destinos do Brasil, muito
confortou aqueles que comungam a mesma e nobre ideia do Sigma e a todos quantos
ainda não estão pervertidos.
A
viagem foi magnífica, e à bordo todos se extremaram no sentido de tornar a
situação dos presos políticos a mais agradável possível. O próprio inspetor da
polícia baiana, sr. Sá Pereira, foi correto para com os presos que conduziu.
Sinto-me
feliz entre os camisas verdes de Guanabara. Esta Província é constituída de
elementos de grande projeção social e milhares de operários, estudantes e
militares. Ela não destoa das demais Províncias, na sua fidelidade à Ideia Nova
e ao Chefe Nacional.
Ainda
sob a impressão da grandiosa manifestação e da solidariedade dos companheiros e
companheiras de Guanabara, eu e minhas companheiras, as esposas daqueles que se
encontram presos com meu marido, queremos exprimir os nossos agradecimentos
profundos.
Não
seria lícito silenciar a nossa imorredoura gratidão ao Chefe Nacional, que
quis, com a sua presença, significar o seu aplauso aos companheiros da Província
da Bahia, dando, ainda, magnífico exemplo de simplicidade e interesse pela
sorte de seus comandados.
Ocorre-nos
ainda dizer que confiamos na integridade dos dignos Juízes que compõem o
Tribunal de Segurança, e estamos certos de que, brevemente, a Verdade será
conhecida.
Gratas,
ainda, pela obsequiosidade do grande jornal A OFFENSIVA, saudamos, por seu
intermédio, por nós e por nossos esposos presos, os nossos companheiros de toda
a Pátria e particularmente de Guanabara, com os nossos “Anauês” cujo timbre é
cada vez mais forte, mais firme, mais decidido, pelo Bem do Brasil. (a)
Joaquína Gomes de Araujo Lima”.
É
assim que fala uma blusa-verde da Bahia, que viaja com três filhinhos,
transtornando toda a vida normal do seu lar, para acompanhar no transe por que
passa o seu esposo, cujo crime é ter prestado os mais relevantes serviços à
Ordem em novembro do 1935.
É
assim que falam, com essa mesma convicção, as esposas de Meirelles e de
Jaqueira, que também ontem chegaram por entre as aclamações dos integralistas
cariocas.
E
todo esse sofrimento e essa fortaleza de ânimo têm o objetivo supremo da
salvação nacional. Foi preciso que o martírio entrasse nalguns lares, para que
os lares brasileiros se salvassem dos perigos com que os ameaçam gentes do soviete.
E
é com esse espírito, essa mística, esse heroísmo que a Mulher Brasileira se levanta,
na mais poderosa das afirmações, pela dignidade, pela felicidade, pela glória
do Brasil.
Publicado
na A OFFENSIVA em 03 de Fevereiro de 1937.
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