sexta-feira, 24 de março de 2023

A palavra mais autorizada (03/02/1937)

 Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal.  Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/ 

A palavra mais autorizada (03/02/1937)

Plínio Salgado

No dia de hoje, após a grandiosa, gigantesca manifestação dos camisas-verdes de Guanabara às esposas e filhinhos dos integralistas baianos, presos pelo governador da Bahia, e que ontem chegaram a esta Capital, eu sei que os soldados do Sigma querem ler nestas colunas a palavra do Chefe.

A Chefia Nacional, porém, considera, no dia de hoje, como a mais autorizada das palavras, aquela que partiu, sob a emoção mais profunda, da esposa de Araújo Lima, o valoroso Chefe Provincial da Bahia, encarcerado pelo crime de ser o inimigo número um do comunismo naquela unidade da Federação.

Essa palavra da senhora Araújo Lima é um desabafo e um testemunho. É um desabafo de seu nobre coração abalado pelo espetáculo grandioso que assistiu ontem, após tantos meses de martírio, com seus filhinhos, separada de seu esposo. É um testemunho do que ontem se passou no Cais Mauá. E é, principalmente, um testemunho das disposições com que esses 22 homens comparecem perante o Tribunal de Segurança: as magnificas disposições dos que têm a consciência tranquila, dos que sa- bem quem são os verdadeiros conspiradores contra o Governo da Republica, dos que confiam na Justiça, perante a qual se apresentam, não em atitude de desacato, como aqueles que são visitados por governadores, na prisão, mas em atitude serena, respeitosa, confiante e digna.

Foram estas, as palavras que escreveu, ontem. para a A OFFENSIVA, a senhora Araújo Lima:

“Apesar da coação que, desde setembro do ano próximo findo, sofrem os integralistas da Província, hoje denominada “mártir”, mas na verdade bem compenetrada dos seus deveres, - a despedida do povo baiano aos companheiros que expiam o crime de corajosamente confessar a fé que depositam nos destinos do Brasil, muito confortou aqueles que comungam a mesma e nobre ideia do Sigma e a todos quantos ainda não estão pervertidos.

A viagem foi magnífica, e à bordo todos se extremaram no sentido de tornar a situação dos presos políticos a mais agradável possível. O próprio inspetor da polícia baiana, sr. Sá Pereira, foi correto para com os presos que conduziu.

Sinto-me feliz entre os camisas verdes de Guanabara. Esta Província é constituída de elementos de grande projeção social e milhares de operários, estudantes e militares. Ela não destoa das demais Províncias, na sua fidelidade à Ideia Nova e ao Chefe Nacional.

Ainda sob a impressão da grandiosa manifestação e da solidariedade dos companheiros e companheiras de Guanabara, eu e minhas companheiras, as esposas daqueles que se encontram presos com meu marido, queremos exprimir os nossos agradecimentos profundos.

Não seria lícito silenciar a nossa imorredoura gratidão ao Chefe Nacional, que quis, com a sua presença, significar o seu aplauso aos companheiros da Província da Bahia, dando, ainda, magnífico exemplo de simplicidade e interesse pela sorte de seus comandados.

Ocorre-nos ainda dizer que confiamos na integridade dos dignos Juízes que compõem o Tribunal de Segurança, e estamos certos de que, brevemente, a Verdade será conhecida.

Gratas, ainda, pela obsequiosidade do grande jornal A OFFENSIVA, saudamos, por seu intermédio, por nós e por nossos esposos presos, os nossos companheiros de toda a Pátria e particularmente de Guanabara, com os nossos “Anauês” cujo timbre é cada vez mais forte, mais firme, mais decidido, pelo Bem do Brasil. (a) Joaquína Gomes de Araujo Lima”.

É assim que fala uma blusa-verde da Bahia, que viaja com três filhinhos, transtornando toda a vida normal do seu lar, para acompanhar no transe por que passa o seu esposo, cujo crime é ter prestado os mais relevantes serviços à Ordem em novembro do 1935.

É assim que falam, com essa mesma convicção, as esposas de Meirelles e de Jaqueira, que também ontem chegaram por entre as aclamações dos integralistas cariocas.

E todo esse sofrimento e essa fortaleza de ânimo têm o objetivo supremo da salvação nacional. Foi preciso que o martírio entrasse nalguns lares, para que os lares brasileiros se salvassem dos perigos com que os ameaçam gentes do soviete.

E é com esse espírito, essa mística, esse heroísmo que a Mulher Brasileira se levanta, na mais poderosa das afirmações, pela dignidade, pela felicidade, pela glória do Brasil.

Publicado na A OFFENSIVA em 03 de Fevereiro de 1937.

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