Esclarecimento: A
publicação do Artigo abaixo só foi possível graças à generosa colaboração do
Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da
História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o
acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito
Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando
indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
Mínimo
Múltiplo Comum (17/02/1937)
Plínio Salgado
Os
partidos precisam de um nome nacional. De onde poderão tirá-lo? Se a Nação está
dividida em vinte e um Estados, esse nome terá de sair de um desses Estados. Mas,
então, não será um nome nacional, e, sim, estadual.
Os
partidos deverão, nesse caso, arrancar de seu próprio seio o nome nacional.
Porém, os partidos são estaduais. Ora, como a lógica e a matemática nos ensinam
que o maior não pode ser contido pelo menor, os nomes que saírem dos partidos
só poderão ter o caráter, a significação, a natureza desses partidos. Sendo os partidos
de caráter, significação e essência regionais, tudo o que sair deles será, também,
regional. Logo, os partidos não poderão tirar de si um nome nacional.
Que
se entende por um nome nacional? Entende-se o nome que exprimir aspirações gerais
comuns às diversas modalidades particulares do corpo social e da extensão
territorial.
Quais
são as aspirações gerais comuns, no atual momento brasileiro? São exatamente aquelas
contra as quais se batem os partidos estaduais.
É
preciso examinar desapaixonadamente o panorama social brasileiro, com olhos de
estudioso, segundo o critério da experiência e do senso das realidades, para se
compreender bem a posição dos partidos expressivos de pequenas coletividades em
face da Grande Coletividade que constitui a Nação.
*
* *
Quando
dizemos que os partidos exprimem aspirações regionais, não negamos que eles
exprimem aspirações reais, dentro da mentalidade adstrita aos interesses da zona
em que se constituem. O anseio de Minas ou de São Paulo, do Rio Grande ou do
Nordeste, por uma predominância nos rumos políticos e administrativos federais,
são realidades incontestáveis. Não entremos na análise da legitimidade ou não
desses objetivos políticos. Contentemo-nos em verificar a sua existência.
Perguntemos:
há, ou não há, em cada Estado, um anseio pela hegemonia, ou, pelo menos, por um
quinhão apreciável de mando no cenário federal? Será hipocrisia dizermos que
não.
Existindo
esse desejo em cada um dos Estados, verificam-se antagonismos profundos, mal
dissimulados nas conversações e combinações dos próceres. Como pode, pois,
desses antagonismos, sair um nome que exprima aspirações gerais comuns?
Dentro
de cada Estado existe, ainda, um partido de oposição, que se choca com o
partido situacionista. Esse partido encontra-se na primeira etapa do seu
desenvolvimento político, isto é, naquela etapa que assinala a conquista do
poder nos limites do Estado. Só depois de atingido esse objetivo, derrubando o
seu adversário local, é que o partido de oposição lança-se à aventura de conquistar
o poder nacional. É a situação atual do P. R. P., do P. R. M., da F. U.,
respectivamente de São Paulo, Minas e Rio Grande,
Quando
um partido estadual está de baixo, isto é, procurando apear o contendor nos
limites provincianos, ele deixa de exprimir momentaneamente o interesse hegemônico
do Estado, para exprimir o interesse do grupo, no Estado. Ainda é cedo para
entrar em composições visando o poder na Federação. As suas composições são de
outra natureza. Eles cedem habitualmente o lugar nacional ao aliado de outro
Estado, mediante a promessa do lugar estadual com a queda do adversário conterrâneo.
Também
esses partidos têm seu âmbito de aspirações muito reduzido, mais reduzido ainda
do que o âmbito dos partidos situacionistas. Não podem, por conseguinte, tirar
de seu seio nenhum nome capaz de sintetizar um anseio da Grande Nação.
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* *
Paralelamente
a essas aspirações unilaterais dos partidos (cujo número no Brasil é de 154!)
correm as aspirações do Povo Brasileiro. Da mesma maneira como as aspirações
dos partidos são realidades objetivas incontestes, não me negarão que há,
contemporaneamente, uma grande aspiração nacional, revelando a essência moral,
espiritual, sentimental e econômica de um Povo.
Nossa
crítica não vai ao ponto de negar àqueles mesmos que constituem as pequenas coletividades
partidárias do Brasil a incapacidade ou a indisposição pelos idealismos,
superiores da outra opinião, da outra consciência popular.
Acreditamos,
com a maior sinceridade, que todos os brasileiros, de quaisquer partidos políticos,
desejam certas coisas em comum: - a unidade da Pátria, a manutenção das
tradições cristãs dentro dessa Pátria, o prestigio à autoridade a ordem social,
o combate ao comunismo, o progresso material do país, a grandeza do Brasil. O
que afirmamos, entretanto, como verdade positiva, é que essas aspirações passam
para um plano secundário, em face dos interesses imediatos da hegemonia federal
(para os partidos situacionistas) e da hegemonia estadual (para os partidos oposicionistas).
Assim
sendo, tais partidos, de forma alguma, poderão tirar de si próprios nomes nacionais.
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Hoje,
no Brasil, só existe um partido nacional. É o Integralismo, conforme há dias
tornou patente o general Góes Monteiro. E esse partido não é nacional pelo
simples fato de se haver registrado como tal perante a Justiça competente; é
nacional porque todo o seu pensamento político, seu sentimento, sua mística,
fundamentam-se naquelas aspirações gerais comuns a todos os brasileiros.
Pode-se,
para tornar bem claro o nosso pensamento, usar de uma imagem aritmética.
O
nome nacional brasileiro só será achado se nos lembrarmos de que não se somam
fracções de denominadores diferentes. Cada partido político situacionista é um "numerador",
e cada partido político oposicionista é um "denominador". É preciso
procurar o mínimo múltiplo comum, que se chama o ideal da Pátria. Isto feito,
reduzem-se as frações ao mesmo denominador, que se chama, o Integralismo. Somam-se
os numeradores. Dá-se o mesmo denominador. É bem possível que da adição dos numeradores
resulte um número igual ao denominador (pois a boa vontade e o verdadeiro
patriotismo conduzem todos os brasileiros à mesma conclusão).
Veremos,
caso isso se dê, que a soma das expressões fraccionárias produziu a Unidade. A
essa unidade, nós, camisas-verdes, daremos o nome de Estado Integral.
E o
nome nacional?
Meus
patrícios: não existe, nunca existiu nome nacional, a não ser em função de um
Pensamento Filosófico, ou de um Sentimento Histórico. O que nós chamamos
"nome nacional" em outros países (Napoleão, Bismarck, Cavour,
Clemenceau, Frederico II, George Washington, Bolívar e tantos outros) não
passaram de traduções pessoais de obscuras linguagens coletivas, revelações de
estados de espíritos de um momento.
Qualquer
nome, seja ele qual for, que os políticos lançarem, como o capaz de congregar
correntes díspares e opiniões contrastantes, aspirações antagônicas e índoles
adversas, não passará de uma vergonhosa mistificação, um artifício de irresponsáveis
diante de uma situação nacional gravíssima, que está a exigir novos métodos,
soluções audazes, atitudes heroicas, definições formais.
O
momento que vivemos não comporta artifícios que tiveram sua oportunidade no
tempo de Campos Salles ou de Pinheiro Machado, mas que hoje são perigosíssimos à
Nação.
A
incapacidade para compreender a História, ainda a mais recente, parece constituir
a grande doença dos atuais políticos brasileiros. Suas manobras são empíricas.
São fúteis. São superficiais.
O
que está faltando aos políticos é gênio político. Sombrias são as perspectivas
de um futuro próximo. Por isso, nós, integralistas, aqui estamos, observando,
estudando, meditando, calando-nos, medindo as distancias, calculando a resistência
dos materiais humanos, comparando os fatos históricos, anotando, deduzindo,
tomando dados seguros. A nossa palavra não faltará na hora mais grave. Porque
ainda constituímos, diante de todo esse panorama lamentável, que se entenebrece
cada vez mais, por entre silêncios medrosos, maquinações covardes, hipocrisias
de atitudes, indefinições gerais, a grande esperança, a esperança real, a
esperança única de um Povo que encontra em nossa sensibilidade política e em
nossa vibratilidade a ressonância através da qual ele pode falar e certamente
falará.
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 17
de Fevereiro de 1937.
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