Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível
graças a generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é
Deputado Federal pelo Distrito Federal.
Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando
indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
POSIÇÃO (26/01/1937)
Plínio Salgado
Em silêncio e
alerta. Firmes com a nossa doutrina, indiferentes à sorte dos homens.
Indiferentes à nossa própria sorte. Que será o dia de amanhã? Isso é o que
menos nos preocupa, porque o "amanhã" já nos pertence, ninguém nô-lo
arrancará das mãos. Custou-nos una obra de cultura, um esforço como jamais se
fez, um sacrifício de todas as possibilidades de triunfos efêmeros. E o sangue
dos nossos mártires.
O dia de
"amanhã", para nós, integralistas, é a grande árvore que já está plantada
no espírito de uma juventude e no coração dos humildes. Essa árvore germinou,
cresceu, porque a Primavera era chegada. Ninguém pode evitar essa Primavera:
como haverá alguém que evite o outono com seus frutos?
Essa obra,
que temos realizado, de educação constante, não mais perecerá. Temos ensinado às
criancinhas a lição da bondade e do amor de Deus e da Pátria; temos ensinado aos
moços a lição da virtude, da castidade, da severidade, da saúde do corpo e do
espírito, a higiene física e moral, a bravura, a fé, a esperança, a alegria;
temos ensinado aos tristes, aos melancólicos, aos displicentes, aos céticos, a lição
dos júbilos Interiores que provém das energias da consciência e das forças imortais
do coração; temos ensinado nos que envelhecem a arte de envelhecer com
dignidade, impondo-se ao respeito; temos ensinado aos fracos a lição da fortaleza,
aos revoltados a lição do otimismo criador.
Tudo isto é tão
grande, que os que nos observam de fora, dos arraiais da política vigente, não
podem compreender. Para eles, ou somos um partido politico, igual aos outros,
pronto a fazer um conchavo em nosso benefício, ou somos uma conspiração, com
objetivos terroristas.
E nós não
somos, apesar de estarmos registrados como partido, nós não somos nem um
partido, nem uma conspiração.
Somos uma
escola e somos um recrutamento de almas. Somos uma atitude, somos uma decisão.
Mas, principalmente, nós somos um "ato de consciência".
Um ato de consciência!
Compreendeis o que significam estas palavras? Só podereis compreender quando
vos surpreenderdes integrados nesse estado de espírito, nesse fenômeno de psicologia
social sem precedentes na História Brasileira.
Um simpatizante
nunca poderá entender bem "isto" que se passa em nossas fileiras,
senão depois que se deixa absorver pelo sentido de vida do nosso Movimento.
Cada um dos
que vestem hoje a camisa-verde sabe muito bem porque digo estas coisas. Cada um
sentiu a transformação porque passou. Desde o dia em que, abandonando a atitude
de mero espectador simpático, tornou-se um integralista, começou a ver as
coisas de um modo diferente.
É que até
mesmo a colocação dos problemas obedece, no Integralismo, a um critério
completamente novo. O Integralismo, tenho dito às inteligências mais esclarecidas,
é um methodo. Sendo uma filosofia, sendo uma norma moral, sendo uma política na
alta acepção do vocábulo, determina uma concepção de método. Esse método só o apreende
quem se deixou penetrar pela mística do Movimento.
Sim; porque
somos também uma mística. Sabemos que todos os grandes empreendimentos humanos
só se tornam possíveis mediante o misticismo que lhes é próprio.
Não se
confunda, porém, o misticismo dos homens ativos com o misticismo dos homens
contemplativos. Nós somos principalmente, homens ativos. Homens em ação. Homens
com um objetivo predeterminado. E sabemos que o ferro, o aço, os metais rígidos
não se trabalham a banho-maria. É preciso o fogo vivo, o fogo de altos fornos.
E esse fogo é a nossa mística.
Foi sob a ação
desse fogo que se realizaram os grandes movimentos na História. Uma Nação que
se tornára abúlica não se poderia curar a banhos mornos.
Esta mística funde
a liga de metais heterogêneos e possibiliza a depuração dos elementos nobres.
Todo resíduo miserável de uma época é rejeitado. Todos os vícios são
expurgados, Chamam a isso "a nossa Intransigência". Nós chamamos isso
"a nossa dignidade".
Dignidade do
Pensamento. Dignidade da Consciência. Dignidade do Coração. Dignidade das
resoluções retilíneas. Dignidade das atitudes viris. Em suma: fidelidade ao Espírito.
Como poderão compreender-nos
os que não consideram o que há em nós de Espírito? Pois se o Espírito é tudo,
como poderemos traí-lo, com transigências e acomodações?
Haverá alguém
cujo poder, cujo fascínio, cujas promessas, cuja amizade, cujas ameaças, cujas
perseguições consigam de nós a traição de nós mesmos?
Imaginai um cristão
em Roma, chamado a colaborar com os Césares, numa combinação em que aos adeptos
do Nazareno fosse facultada a liberdade do seu culto, e ao Império a manutenção
dos ídolos e dos costumes pagãos.
Essa hipótese
é a nossa hipótese. Estamos convencidos de que deveremos dar combate ao materialismo
que nos esmaga, nos sufoca, nos desfibra, nos torna oportunistas, comodistas,
politiqueiros, enquanto o bárbaro prepara os seus golpes na sombra. Desde que
nos alimenta essa convicção, como poderemos acreditar na palavra daqueles que
se dizem pactuantes com os nossos sagrados propósitos e pretendem, ao mesmo
tempo, compactuar com os "quirites" idólatras, cuja licenciosidade de
costumes e cuja hipocrisia e violência contra as tradições da República são
evidentes e proclamadas?
Estamos,
pois, em silêncio e alerta. Em observação. Ao intelectualismo de um Trajano, à
magnanimidade de um Tito, à filosofia de um Marco Aurélio, preferimos a adesão
integral de Constantino.
Não temos
pressa, não temos ambição, não nos movem Interesses, não nos seduzem vantagens,
não nos amedronta a ameaça, não nos apavora o Futuro, não tememos o dia de
Amanhã, não nos perturba o dia de Hoje.
Penetrados pela
"razão de Estado", e, multo mais, pelas "razões de Deus", não
odiamos nenhum inimigo, mas também não amamos nenhum amigo. Submetidos a uma
doutrina, pugnamos por ela. Entregues a uma obra de educação, a uma obra de vigilância,
de preservação, de preparo das gerações vindouras, caminhamos serenamente, tranquilamente.
Facílimo é
conquistar-nos. Basta que o brasileiro disposto a isso deixe-se conquistar por
nós. Esta conquista não é pessoal, porque é espiritual.
Quantos
homens eminentes nos têm conquistado! Há dias, foi Rocha Vaz, foi Motta Maia; há
tempos, Belisario Penna, Amaro Lanari, Lucio dos Santos; anteriormente Souza
Dantas, Gustavo Barroso. É olhar para os grandes vultos do Integralismo. Ainda ontem,
presidindo a uma sessão conjunta do Supremo Conselho, do Secretariado, da Câmara
dos Quarenta, eu via diante de mim homens cujo valor honraria qualquer país, E
esses homens conquistaram-nos, a nós, integralistas. Cientistas, escritores,
militares, professores, profissionais ilustres, cuja projeção era grande no
Brasil, aprenderam o caminho desta conquista fácil. Quando julgaram que estavam
conquistados, nós, camisas-verdes, É que estávamos conquistados por eles. Pela
sua atitude, que demonstrou renovação espiritual; pelo seu desassombro, pelo
seu desinteresse, pela sua humildade.
Tudo isso
explica a nossa situação na política nacional. Define a nossa posição.
Quando, algum
tempo, neste país, se viu uma posição assim, uma atitude semelhante, tamanha serenidade,
tamanha dignidade num silêncio?
Algum dia a
História do nosso Brasil há de contemplar, maravilhada, este formidável perfil
de cordilheira moral, cuja altitude não pode ser avaliada de perto.
E os netos
dos que vestem hoje a camisa verde exclamarão cheios de santo orgulho nacional:
meu avô foi um deles: E é por isso que somos uma Grande Nação.
Porque, na
verdade - e sirva este pensamento de lição aos poucos atentos – o espírito de
uma Pátria não se fabrica como os "cock-tails”, com misturas varias,
sacudidas no recipiente fechado da política, mas extrai-se com a poderosa
energia de um pensamento, a força de um sentimento e o fogo imortal de uma mística.
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 26
de Janeiro de 1937.
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