Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só
foi possível graças a generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos:
https://www.instagram.com/paulofernandodf/
ANAUÊ! (02/02/1937)
Plínio Salgado
Anauê! Aos camisas-verdes da Bahia,
encarcerados pelo crime de amar o Brasil!
Anauê! Aos que acreditam em Deus, aos
que trabalham pela construção da Grande Pátria, aos que lutam pela defesa do
princípio sagrado da Família!
Anauê! A esses homens que estiveram
vigilantes em novembro de 1935, articulados com a autoridade militar federal, prontos
para sacrificar as suas vidas na hora necessária!
Anauê! A esses homens que estiveram
vigilantes e descobriram o "complot" do Tiro de Guerra da Escola Comercial;
que fizeram frustrar a tentativa de rebelião civil organizada pelos comunistas em
Massaranduba; que se infiltraram na Brigada Estadual, impermeabilizando-a
contra o veneno Moscou; que puseram à disposição do comando da Região trezentos
homens em poucas horas e dez mil, se necessário fosse, a fim de jugular qualquer
arrancada vermelha!
Anauê! A esses patriotas exaltados no
amor pelo Brasil, que, encontrando a Bandeira Verde-amarela ofendida,
humilhada, atirada na sarjeta, levantaram-na, dignificaram-na, levaram-na em
marcha glorificadora, arrastando atrás de si a multidão frenética de
indignação, de ardor cívico, pelas ruas da Capital Baiana!
Anauê! A esses brasileiros que
começaram a provar o fel das perseguições atrozes, desde o instante da derrota
dos comunistas em novembro!
Anauê! A esses justos, a esses
sustentadores da Ordem e das Tradições Nacionais, acusados de uma conspiração
"de grande envergadura, destinada a derrubar o Governo", e em poder dos
quais se encontraram, depois de uma devassa em mais de quatrocentos Núcleos e inúmeras
casas particulares, estas formidáveis armas de guerra: - um revólver barato,
com seis balas; uma espingarda de caça com cartuchos; e uma pistola com alguns projeteis
- o que constitui a vergonha das vergonhas para os seus acusadores!
Anauê! A esses espíritos iluminados pela
resignação cristã, que resistiram a todos os sofrimentos, incomunicáveis,
separados de suas famílias, das quais estiveram ausentes na Nolte do Natal,
quando comunistas famigerados obtinham a liberdade para assistirem o
transcorrer dessa data nos lares que eles querem destruir!
Anauê! A essas consciências severas,
nobres, retas, que não perderam a linha da dignidade, nem no desespero, nem na
revolta, nem no sarcasmo, nem na ironia, nem no insulto, como fizeram e estão
fazendo os bolchevistas, mas, pelo contrário, bateram serenamente às portas da
Justiça, numa homenagem ao Direito, à Lei!
Anauê! A esses calmos, serenos, imperturbáveis
mártires, que percorreram, como Cristo, todos os pretórios, assombrando a Nação
pela sua perseverança em acreditar nos Juízes, em confiar na toga dos
magistrados, e, ao cabo de todas as decisões, presas ao formalismo jurídico e
alheias ao sentido profundo de humanidade e de verdade que deve ser a chave
fundamental da interpretação e da aplicação do Direito, não segundo o próprio
Direito, mas segundo a objetividade do Fato, aí estão, num último esforço,
esperando a Justiça que, desta vez, não lhes faltará!
Anauê! A esses que comparecem à barra
do Tribunal de Segurança, realizando o maior dos paradoxos da Historia: eles,
os sustentadores da Ordem, apontados como fatores de desordem; eles, os máximos
inimigos do comunismo, encarcerados em consequência do "estado de
guerra" decretado contra os comunistas; eles, desarmados, presos pelos que
se armam para o enfraquecimento do Poder Central; eles, os que se batem contra
os conspiradores, acusados de conspiração; eles, que se fizeram os místicos das
ideias de Deus, da Pátria e da Família, castigados porque pregam a sua doutrina
de união dos brasileiros em torno daquelas três bases de toda a grandeza de um
Povo!
Anauê! A esses camisas-verdes que,
pelo seu sacrifício, realizaram o milagre nacional de multiplicar o numero de
integralistas na Bahia, pois existindo ali 80.000 soldados do Sigma, esse número
atingiu, agora, à cifra de 200.000:
Anauê! Aos integralistas da Província
Heroica!
Anauê! Aos 22 passageiros do
"Itaberá", navio que passou para as páginas da História do Brasil!
Anauê! De um milhão de camisas-verdes
da Pátria!
Pela glória da Pátria Cristã, pela glória
do Brasil de nossos filhos! Pela glória da Nação do Futuro! Pela glória dos
nossos mártires! Pela glória dos sertanejos humilhados, ofendidos, espezinhados,
por cangaceiros e esbirros opressores da consciência! Pela glória dos
velhinhos, que antes de morrer, ainda assistem a esta ressurreição nacional!
Pela glória da mulher brasileira - mãe, esposa, irmã, filha, noiva - cuja honra
e pudor os integralistas defendem! Pela glória dos berços onde dorme a Grande
Nação de Amanhã! Pela glória da Raça! Pela glória do Passado, do Presente e do
Futuro, - camisas verdes de Guanabara, que assistis ao espetáculo grandioso da entrada
desse navio, carregado de patriotismo - erguei a vossa voz, porque a vossa voz
exprime hoje a voz de mais de um milhão de vossos irmãos de todos os rincões
brasileiros, e gritai comino o, com toda a força:
- Anauê! Companheiros da Bahia!
Anauê! Anauê! Anauê!
Sede bem-vindos entre os vossos
Irmãos! Sede bem-vindos aqui, sob as bênçãos d'Aquele que, do alto da Montanha
vos contempla e recebe! Deus vem vindo convosco, no vosso sacrifício e na vossa
glória! Deus está conosco, no cais, em nossa emoção, em nossas lágrimas, em
nosso entusiasmo, em nossa exaltação, em nossa mística! E quando vos falharem
todos os tribunais da terra, confiai n'Ele! Conosco ele veio, desde o primeiro
dia; com mosco está, e estará, nesta marcha e no dia da vitória, no dia da
grande esperança e no dia da grande certeza, no dia da alegria e no dia da construção!
Sede bem-vindos, pelo nosso Sonho, pela
nossa Angústia, pelo drama que vivemos, pela página épica que escrevemos, pela
renovação dos espíritos na face da Terra, pelas luzes de uma Nova Humanidade!
Anauê! Anauê! Anauê!
Publicado originalmente n’ A
OFFENSIVA, em 02 de Fevereiro de 1937.
Nenhum comentário:
Postar um comentário