Esclarecimento:
A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças a generosa colaboração do
Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da
História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o
acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito
Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando
indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
INTEGRALISMO E
DEMOCRACIA (05/12/1936)
PLÍNIO SALGADO
- O
Integralismo é contrário à Democracia?
- Não, porque
se fosse, o Integralismo seria partidário de uma Ditadura.
- Então, o
Integralismo não quer uma Ditadura?
- Não, porque
a Ditadura é o arbítrio de um contra todos.
- Como é que
o Integralismo fala em Estado Forte?
- Porque só o
Estado Forte impede Ditaduras ou outras tiranias.
- De que
maneira o Estado Forte impede Ditaduras ou outras tiranias?
- Não
permitindo que indivíduos ou grupos de indivíduos façam predominar a sua
vontade sobre outros.
- Como é
possível conseguir isso?
- Organizando
disciplinadamente a Sociedade, de modo que não haja, diante da autoridade do
Estado, nem fortes e nem fracos.
- Em que se
baseia a autoridade do Estado Forte?
- Na vontade
do Povo, não desorganizada, mas organizada, de modo que ela se manifeste
eficientemente, livremente.
- Mas, então,
o Integralismo quer um governo do Povo?
- O
Integralismo nunca desejou outra coisa, pois essa é a verdadeira democracia.
- Atualmente
o Brasil vive um regime democrático?
- Se fossem
cumpridas a Constituição as Leis, viveríamos num regime democrático, mas
infelizmente essa Constituição e essas Leis não podem ser cumpridas. Existem
circunstâncias "de fato" que impedem o cumprimento da Constituição e
das Leis. O Integralismo quer justamente, remover essas circunstâncias "de
fato", e nada mais.
- Como pensa
o Integralismo remover essas dificuldades?
-
Substituindo o sistema das eleições?
- Mas, então,
o Integralismo não é contra o regime atual?
- Só afirmam
Isso luas categorias de indivíduos: os burros e os velhacos; os burros porque,
ou não nos leram, ou leram e não entenderam; os velhacos porque os animam
intuitos inconfessáveis.
- Mas, desculpe
a insistência, por que não sou muito Inteligente, então o integralismo não é
contra o regime republicano federativo?
- Pelo
contrário; o Integralismo se bate pela consolidação do regime
republicano-federativo. No caminho em que vamos indo, com vinte e uma
orientações políticas diferentes, marchamos para a destruição do belo monumento
da Federação, substituindo-a por una Confederação que se conduzirá ao
separatismo, isto é, à morte do atual regime. Pretendemos nós uma centralização
política e uma descentralização administrativa, é isto sinal que pretendemos
salvar o atual regime de uma derrocada inevitável. E quem não está vendo essa
derrocada? Basta apreciar o quadro da sucessão presidencial. Os governadores
estão se armando, É a aura da loucura prenunciando o ataque furioso e
periódico. Num desses ataques pode morrer o regime, Nós somos, pois, os
salvadores do regime.
- O senhor
acha que só com a substituição do Sistema de eleições, o regime democrático,
federativo e representativo se salva?
- Mas só os
cegos não veem. No dia em que estiverem organizadas as corporações nacionais,
não haverá mais interesses de Estado, mas interesses de produções Em vez de se
ter a política de Minas, de São Paulo, de Pernambuco, do Rio Grande do Sul,
etc., teremos política do Café, do Algodão, da pecuária, do mate, do açúcar. Na
Câmara Federal, em vez de bancadas dos Estados, teremos a bancada do Café, ondo
se sentam juntos, homens paulistas, mineiros, capixabas, etc.; a bancada do
Açúcar, onde se sentam juntos homens de Pernambuco, de Alagoas, de São Paulo,
do Rio de Janeiro; a banca da do Mate onde sentam juntos paranaenses, gaúchos,
e mato-grossenses, etc. Temos, assim assegurada a Unidade Nacional. Numa
cajadada matamos vários coelhos porque resolvemos a questão social, entrosando
os sindicatos na corporação respectiva e imprimindo-lhes caráter político,
acabamos com o regionalismo que fere de morte o regime e fabrica revoluções
periódicas, e damos eficiência técnica à representação popular. Realizamos a
verdadeira democracia, porque não haverá mais perseguições de governos porque
Fulano ou Beltrano votou em Sicrano ou Fuão dos Anzóis. Existirá a verdadeira
liberdade, coisa que atualmente não existe apesar da bela lei eleitoral, a qual
não impede que cangaceiros, como acontece na Bahia, cerquem eleitores pacíficos
na estrada, impedindo-os de entrar na cidade para rotar.
- E o senhor
acha que um governo que saia da vontade do Povo assim organizada, pode ser
forte?
-
Perfeitamente, porque um Governo só é forte quando é realmente popular, quando
baseia a sua autoridade, não no terror ou no interesse, mas no amor que sua
Nação lhe vota. Um Governo só é forte quando se baseia na legítima democracia,
- Dizem
alguns que o senhor é incoerente porque fala em autoritarismo, em governo de
força, disciplina rigorosa. Explique-me isso.
- Falo em
autoritarismo, como mandato popular legítimo e expressão de dignidade nacional
e de interesse das massas que delegam os poderes a um concidadão, para que
vele, dia e noite, pela manutenção da democracia; falo em governo de força, não
contra a Nação, mas como servidor da Nação, impondo sua vontade, que é a
vontade do Povo, a todos os indivíduos isolados ou grupos de indivíduos que
pretendam auferir benefícios em detrimento dos legítimos direitos e interesses
das coletividades, dos grupos naturais e das pessoas; falo em disciplina,
porque uma Nação em desordem é escrava de tiranos internos, que se servem da
anarquia para exercer seu arbítrio e burlar a outrem, como é escrava de tiranos
externos, que se aproveitam da fraqueza nacional oriunda da desordem interna,
para roubar, humilhar e oprimir. Isso tudo, autoritarismo, governo de força,
disciplina, não colide com as legítimas liberdades, as quais inexistem desde
que não haja uma força para garanti-las.
- Essa força
não pode existir com o atual sistema de voto?
- Não. Porque
enquanto houver partidos de que são chefes governadores armados até aos destes,
com tesouros nas mãos e uma máquina policial ao seu talante, nem existirá
liberdade de escolha, nem haverá autoridade central capaz de reprimir os abusos
antidemocráticos que se perpetram à sombra das chicanas mais vis e dos sofismas
mais torpes.
- Desculpe
repetir, porque tenho a cabeça dura: o Integralismo, então, é defensor do atual
regime?
- Não é
apenas defensor. É o único defensor. Basta ver quem são os que combatem o
Integralismo: os políticos regionais, que querem destruir a Federação,
desmoralizar o Poder Central, fomentar revoluções periódicas, arrastar o Brasil
à desagregação, e os comunistas, os socialistas, os materialistas, que
pretendem a derrocada de todas as tradições nacionais, de todo o fundamento
cristão das instituições brasileiras.
- Muitos dos
inimigos do Integralismo costumam dizer que o senhor tem mudado, que o senhor
só agora é que anda pregando essas coisas, que o senhor sempre atacou o regime.
Que me responde?
- Aqueles que
dizem isso, em qualquer hipótese, são desonestos. Se nos atacam, sem ter lido
nossos livros de 1926, 1927,1930, 1932 e os que tenho publicado anualmente,
assim como o Manifesto de outubro de 32, o Manifesto-Programa, deste ano, os
artigos que escrevi, antes da revolução de 30, no "Correio
Paulistano", de São Paulo, e depois da revolução de 30, em "A
Razão", de São Paulo e nestas colunas de A OFFENSIVA, - se eles não leram,
não têm direito de me atacar. Se leram, terão visto a linha de coerência
doutrinária que sempre me orientou. Poderão muitos dizer que nunca me leram
porque ou um escritor de ínfima categoria, mas, nesse caso, por que me atacam?
Se nada valho, por que ocupo a sua atenção? E, mesmo, nada valendo, por que me
julgam sem me ler? A esses homens sem escrúpulos responde a consciência honesta
dos homens de bem do meu país.
- Está agora
na Câmara um anteprojeto proibindo durante o estado de guerra o funcionamento
de partidos que mesmo pacificamente combatem o regime atual. Acha que ele visa
o Integralismo?
- Acho que
ele visa armar os tartufos, traidores da Pátria, os inimigos encapotados do
regime, os politiqueiros sem patriotismo, os hipócritas, os tiranetes de um
sofisma que, a serviço do comunismo, precisa de pretextos para desfechar um
golpe contra nós. A providência não nos atinge, mas é tomada especialmente para
nos atingir, através da chicana e de covardia dos nossos inimigos, atrás dos quais
sentimos os passos das patrulhas de Moscou.
- E por que
pensa isso?
- Não sou eu
quem pensa; é o autor do projeto que falou à imprensa, declarando ser urgente o
nosso fechamento. São as conversas nos corredores da Câmara.
- E que
consequências prevê, no caso de passar esse projeto?
- Prevejo um
golpe comunista iminente. Um golpe comunista de muito maior virulência do que o
de novembro de 1935. Pretejo as maiores desgraças nacionais.
- E por que
fala com tanta segurança?
- Falo com a
autoridade de quem anunciou sempre, com grande antecedência, todos os golpes
comunistas no Brasil. Falo com o prestígio do meu acerto, em novembro de 1934,
quando, no Instituto Nacional de Música, afirmei que dentro de um ano teríamos
um golpe bolchevista. Falo, não somente como estudioso, que acompanha o que se
passa em outros países, como a Espanha, mas como Chefe de um Movimento que tem
profunda penetração em todos os quarteis do Brasil e em todos os vasos de
guerra, em todas as fábricas e repartições e que, por isso, tem obrigação de
conhecer a força e articulação do comunismo, que também atinge profundíssima
penetração em todos esses lugares.
- E a sua
atitude neste momento?
- Estou
tranquilo porque tenho cumprido minha palavra. Nunca saí uma linha sequer da
Constituição e das Leis. Sempre estive vigilante no acompanhar as manobras
bolchevistas. Prestei serviços, em todas as regiões do país, às autoridades
constituídas. Determinei as massas integralistas o maior prestígio a Liga da
Defesa Nacional, que pode atestar o que temos valido como incentivo e tônico ao
civismo no Brasil. Há quatro anos estou pregando, sem interesse nem ambição
pessoal. Nada quero para mim. Nem para os próprios integralistas, pois, segundo
o nosso conceito, o Estado Integral é a democracia perfeita, pertencente a
todos os brasileiros, venham de onde vierem. Cumpri, pois, o meu dever, perante
a Nação, perante a Posteridade e perante Deus. Estou tranquilo, E, nesta
tranquilidade, afirmo que o Integralismo é a única barreira capaz de opor os
mais sérios embaraços à Infiltração do Soviete, tanto na parte civil como
militar da Nação. O Exército e a Marinha só contam, neste momento, com uma
força civil desperta, ativa, eficiente e organizada, ao seu lado: o
Integralismo. Devendo um dia ser julgado pela História, o Integralismo está
sereno. E, sendo um Movimento espiritualista, o Integralismo afirma mais uma
vez que, apesar de tudo, Deus ainda é mais forte do que a força dos homens. E o
Integralismo é o Movimento que se baseia no pensamento da Nação e de Deus.
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 05
de Dezembro de 1936.
Nenhum comentário:
Postar um comentário