Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível
graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
Minha palavra aos
"Camisas-Verdes" (09/02/1936)
PLINIO SALGADO
Um jornal diário
é uma trincheira. Quando cantam na noite silenciosa os teclados e as peças, de
um raciocínio mecânico, das linotipos complexas e reluzentes; quando trabalham
as calandras e as "frises" gritadeiras e ardem as caldeiras de
fundição; e, no vai-e-vem, no ar iluminado de lâmpadas cruas, impregnado do
cheiro acre do antimônio, do chumbo, do papel e das tintas, mourejam os operários
de blusas enegrecidas, nós temos impressão de um setor de batalha, de luta
gloriosa. E, quando a rotativa se ilumina, toda festiva nas suas lâmpadas que põem
reflexos resplandecentes nos metais, e, em seguida ergue a clamor dos motores,
das engrenagens, dos cilindros, num estridor multitudinário e ciclópico, o homem
de imprensa tem a sensação ainda mais viva, da glória do seu sacrifício, dos
seus esforços ignorados, no campo de batalha mais belo, que é a batalha das ideias,
As ideias, que passam pela máquina de escrever; depois, pelas matrizes das linotipos;
depois pelos "flanas" ao peso do rolo que comprime; depois pelo chumbo
que delas se embebe, gravando-as; depois pelo buril das "frises";
finalmente pelos cilindros das rotativas.
Ninguém sabe,
de quantos compram um jornal na rua, de tudo o que essas folhas impressas
exigem de esforço criador. Ao galgar das escadas que vão das oficinas à redação,
sente-se todo o rumor palpitante do um combate sem tréguas, combate de todos os
momentos. As máquinas de escrever estridulam, como esta, através da qual me
dirijo aos camisas-verdes; as mesas estão atulhadas de papéis; muitos homens
trabalham. Sim: um jornal é, na verdade, uma trincheira, um setor admirável de
batalha.
*
* *
E é por isso,
camisas-verdes, que eu venho, ao mesmo tempo, congratular-me convosco, porque o
nosso movimento já levantou essa barricada, e chamar a vossa atenção para o
prestígio absoluto, sem restrições, com que devereis apoiar o esforço, o
trabalho ingente dos que estão realizando meu pensamento, com a realização da A
OFFENSIVA diária.
Eu aqui
estou, firme, ao lado deles, com a mais viva alegria, porque eu e eles, os meus
companheiros nesta casa, estamos dando ao Integralismo aquilo que o Integralismo
não conseguira conquistar por si próprio, apesar de existirem no Brasil mais de
oitocentos mil camisas-verdes, É que os camisas-verdes já andavam muito preocupados
com as responsabilidades de cada um dos seus dois mil núcleos: Já se
sacrificavam muito; já sacrificavam seu tempo, sua comodidade, a sua própria
vida, pela nossa marcha gloriosa.
Então,
pensei: assim como realizei o Integralismo, que é grandioso, posso realizar um
jornal diário na Capital da República, para os integralistas de todo o país.
Posso e quero. Posso, porque tenho os homens necessários para isso; quero,
porque os camisas-verdes só me ouvem, de semana em semana, e eu resolvi falar
diariamente a eles, falando, ao mesmo tempo, a toda a Nação,
Os homens
eram Belmiro Valverde e Madeira de Freitas. Em torno deles, congreguei uma dúzia
de elementos de primeira ordem, alguns mesmo alheios ao movimento. Organizamos
a Sociedade Anônima Excelsior, completamente separada "Acção Integralista
Brasileira" e a A OFFENSIVA passaria a imprimir-se, não mais nas oficinas
do "Diário de Notícias", mas nas oficinas da "Excelsior".
A Excelsior
realizou-se brilhantemente. E daí temos, com absoluta solides financeira, instaladas
as oficinas de onde sai o jornal diário dos camisas-verdes.
É forçoso que
cada integralista prestigie o nosso jornal por todos os meios ao seu alcance.
Que compreenda a importância fundamental para o nosso movimento, que é a existência
de um diário na Capital da República, com irradiação por toda a carta geográfica
do Brasil.
*
* *
A minha
palavra de ordem será agora diária. No tempo em que o nosso jornal era semanário,
os camisas-verdes ficavam tristes si, em algum numero, faltava a colaboração do
Chefe. Pois bem: o Chefe, agora, fala diariamente pela A OFFENSIVA.
O nosso
movimento cresceu muito. Os núcleos se multiplicaram por todas as cidades do país.
Já me é praticamente impossível visitar a todos os núcleos. Este ano vou viajar
pouco, para não fazer a injustiça de visitar uns e deixar de visitar outros. A
culpa não é minha, porém, do próprio Integralismo, que cresceu demais,
Nestas
condições, como poderei estar em contato permanente com todos os núcleos do
Brasil, com todos os camisas-verdes da minha Pátria?
Pela A
OFFENSIVA. É, de agora em diante, a minha tribuna diária. É o meu encontro com
os integralistas. É a minha trincheira. E que trincheira! Aquela justamente em
que tenho ferido minhas maiores batalhas.
Foi em 1933
que despertei em mim o orador e adormeci e Jornalista. Andei por toda a parte, no
meio das multidões, em 1934, 1935. Este ano, acordei novamente o jornalista. Ele
viverá simultaneamente com o orador. Uns e outro batalharão. Mas enquanto e
orador não poderá estar em todas as cidades ao mesmo tempo, o jornalista em
todas elas estará presente, dizendo as mesmas palavras.
Daí a importância
da A OFFENSIVA no presente instante da nossa luta. E o dever de cada
integralista de difundi-la.
*
* *
Aos domingos,
teremos o número exclusivamente integralista, dedicado aos camisas-verdes, com
reportagens desenvolvidas dos progressos do nosso movimento. Diariamente, A
OFFENSIVA fará Integralismo de uma maneira prática, objetiva, concreta, Isto é,
na maneira de tratar os assumptos da vida brasileira.
Não podemos
mais nos fechar nas quatro paredes do nosso credo. Temos de respirar a grande
vida nacional pondo-nos em contato com todos os fatos, refletindo em nossas
colunas todos os acontecimentos, comentando-os, fazendo aplicação constante de
nossa doutrina.
O
Integralismo cresceu muito e tornou-se adulto. Não é mais um menino, é um homem.
Tem de tomar contato com a vida da Nação. Tomá-lo-á, principalmente, pela A
OFFENSIVA.
Aqui falarão,
além de Chefe, Gustavo Barrso, Miguel Reale, Jehovah Motta, e outros vultos do
movimento integralista. Aqui estarei eu, principalmente, dirigindo-me aos camisas-verdes.
E o grau de estima pelo Chefe eu o saberei, em cada cidade, pelo número de
leitores da A OFFENSIVA diaria.
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 09 de
FEVEREIRO de 1936.
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