quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Minha palavra aos "Camisas-Verdes" (09/02/1936)

 

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/

Minha palavra aos "Camisas-Verdes" (09/02/1936)

PLINIO SALGADO

Um jornal diário é uma trincheira. Quando cantam na noite silenciosa os teclados e as peças, de um raciocínio mecânico, das linotipos complexas e reluzentes; quando trabalham as calandras e as "frises" gritadeiras e ardem as caldeiras de fundição; e, no vai-e-vem, no ar iluminado de lâmpadas cruas, impregnado do cheiro acre do antimônio, do chumbo, do papel e das tintas, mourejam os operários de blusas enegrecidas, nós temos impressão de um setor de batalha, de luta gloriosa. E, quando a rotativa se ilumina, toda festiva nas suas lâmpadas que põem reflexos resplandecentes nos metais, e, em seguida ergue a clamor dos motores, das engrenagens, dos cilindros, num estridor multitudinário e ciclópico, o homem de imprensa tem a sensação ainda mais viva, da glória do seu sacrifício, dos seus esforços ignorados, no campo de batalha mais belo, que é a batalha das ideias, As ideias, que passam pela máquina de escrever; depois, pelas matrizes das linotipos; depois pelos "flanas" ao peso do rolo que comprime; depois pelo chumbo que delas se embebe, gravando-as; depois pelo buril das "frises"; finalmente pelos cilindros das rotativas.

Ninguém sabe, de quantos compram um jornal na rua, de tudo o que essas folhas impressas exigem de esforço criador. Ao galgar das escadas que vão das oficinas à redação, sente-se todo o rumor palpitante do um combate sem tréguas, combate de todos os momentos. As máquinas de escrever estridulam, como esta, através da qual me dirijo aos camisas-verdes; as mesas estão atulhadas de papéis; muitos homens trabalham. Sim: um jornal é, na verdade, uma trincheira, um setor admirável de batalha.

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E é por isso, camisas-verdes, que eu venho, ao mesmo tempo, congratular-me convosco, porque o nosso movimento já levantou essa barricada, e chamar a vossa atenção para o prestígio absoluto, sem restrições, com que devereis apoiar o esforço, o trabalho ingente dos que estão realizando meu pensamento, com a realização da A OFFENSIVA diária.

Eu aqui estou, firme, ao lado deles, com a mais viva alegria, porque eu e eles, os meus companheiros nesta casa, estamos dando ao Integralismo aquilo que o Integralismo não conseguira conquistar por si próprio, apesar de existirem no Brasil mais de oitocentos mil camisas-verdes, É que os camisas-verdes já andavam muito preocupados com as responsabilidades de cada um dos seus dois mil núcleos: Já se sacrificavam muito; já sacrificavam seu tempo, sua comodidade, a sua própria vida, pela nossa marcha gloriosa.

Então, pensei: assim como realizei o Integralismo, que é grandioso, posso realizar um jornal diário na Capital da República, para os integralistas de todo o país. Posso e quero. Posso, porque tenho os homens necessários para isso; quero, porque os camisas-verdes só me ouvem, de semana em semana, e eu resolvi falar diariamente a eles, falando, ao mesmo tempo, a toda a Nação,

Os homens eram Belmiro Valverde e Madeira de Freitas. Em torno deles, congreguei uma dúzia de elementos de primeira ordem, alguns mesmo alheios ao movimento. Organizamos a Sociedade Anônima Excelsior, completamente separada "Acção Integralista Brasileira" e a A OFFENSIVA passaria a imprimir-se, não mais nas oficinas do "Diário de Notícias", mas nas oficinas da "Excelsior".

A Excelsior realizou-se brilhantemente. E daí temos, com absoluta solides financeira, instaladas as oficinas de onde sai o jornal diário dos camisas-verdes.

É forçoso que cada integralista prestigie o nosso jornal por todos os meios ao seu alcance. Que compreenda a importância fundamental para o nosso movimento, que é a existência de um diário na Capital da República, com irradiação por toda a carta geográfica do Brasil.

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A minha palavra de ordem será agora diária. No tempo em que o nosso jornal era semanário, os camisas-verdes ficavam tristes si, em algum numero, faltava a colaboração do Chefe. Pois bem: o Chefe, agora, fala diariamente pela A OFFENSIVA.

O nosso movimento cresceu muito. Os núcleos se multiplicaram por todas as cidades do país. Já me é praticamente impossível visitar a todos os núcleos. Este ano vou viajar pouco, para não fazer a injustiça de visitar uns e deixar de visitar outros. A culpa não é minha, porém, do próprio Integralismo, que cresceu demais,

Nestas condições, como poderei estar em contato permanente com todos os núcleos do Brasil, com todos os camisas-verdes da minha Pátria?

Pela A OFFENSIVA. É, de agora em diante, a minha tribuna diária. É o meu encontro com os integralistas. É a minha trincheira. E que trincheira! Aquela justamente em que tenho ferido minhas maiores batalhas.

Foi em 1933 que despertei em mim o orador e adormeci e Jornalista. Andei por toda a parte, no meio das multidões, em 1934, 1935. Este ano, acordei novamente o jornalista. Ele viverá simultaneamente com o orador. Uns e outro batalharão. Mas enquanto e orador não poderá estar em todas as cidades ao mesmo tempo, o jornalista em todas elas estará presente, dizendo as mesmas palavras.

Daí a importância da A OFFENSIVA no presente instante da nossa luta. E o dever de cada integralista de difundi-la.

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Aos domingos, teremos o número exclusivamente integralista, dedicado aos camisas-verdes, com reportagens desenvolvidas dos progressos do nosso movimento. Diariamente, A OFFENSIVA fará Integralismo de uma maneira prática, objetiva, concreta, Isto é, na maneira de tratar os assumptos da vida brasileira.

Não podemos mais nos fechar nas quatro paredes do nosso credo. Temos de respirar a grande vida nacional pondo-nos em contato com todos os fatos, refletindo em nossas colunas todos os acontecimentos, comentando-os, fazendo aplicação constante de nossa doutrina.

O Integralismo cresceu muito e tornou-se adulto. Não é mais um menino, é um homem. Tem de tomar contato com a vida da Nação. Tomá-lo-á, principalmente, pela A OFFENSIVA.

Aqui falarão, além de Chefe, Gustavo Barrso, Miguel Reale, Jehovah Motta, e outros vultos do movimento integralista. Aqui estarei eu, principalmente, dirigindo-me aos camisas-verdes. E o grau de estima pelo Chefe eu o saberei, em cada cidade, pelo número de leitores da A OFFENSIVA diaria.

Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 09 de FEVEREIRO de 1936.

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