Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi
possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
AS CORTES DO SIGMA (14/10/1936)
PLÍNIO SALGADO
Estão chegando os Chefes Provinciais
de todo o Brasil, para tomarem parte nas grandes assembleias das Cortes do
Sigma. Uns chegam em navios, outros viajam de avião, outros por estrada de
ferro.
As Cortes do Sigma exprimem a suprema
autoridade coletiva do Movimento Integralista. Constituem-se do Supremo
Conselho, do Secretariado Nacional, da Câmara dos Quarenta e dos Chefes Provinciais.
Tomam também parte nas assembleias Integralistas de projeção no partido,
escolhidos para esse fim pelo Chefe Nacional, ainda quando não ocupem cargos
administrativos ou políticos.
Ao mesmo tempo que se realiza essa
imponente reunião dos grandes dignitários da confiança da Chefia Nacional,
assistiremos a dois Congressos na Capital da República: o 1º Congresso Nacional
Feminino da A. I. B. e o Conclave Parlamentar das Províncias Meridionais.
Ao 1o Congresso Nacional Feminino
comparecem mais de um milhar de blusas-verdes, que já estão chegando de todos
os pontos do país Pela primeira vez a mulher integralista vai realizar uma
imponente assembleia, traçando as vastas diretrizes de ação prática. Serão
lidas teses, serão assentadas providências, serão esclarecidas quaisquer dúvidas
regulamentares e protocolares, será finalmente estabelecido um plano a ser
executado no campo da arregimentação feminina, da infância e da juventude.
Firmar-se-ão as normas de combate ao materialismo, ao comodismo, à displicência,
ao ceticismo, e as da propaganda mais intensa do idealismo construtor da Grande
Pátria por cujo espírito responde com tamanha responsabilidade o próprio espírito
da mulher patrícia.
Ao Conclave Parlamentar das Províncias
Meridionais comparecem os vereadores, os prefeitos e os deputados eleitos pela
Acção Integralista Brasileira.
Pela primeira vez no Brasil se reúnem
os vereadores das Câmaras Municipais e os prefeitos pertencentes a uma corrente
politica, para estudar assuntos técnicos e administrativos.
A preocupação de planificar, de racionalizar
a execução de um programa nos âmbitos municipais evidencia o empenho que pomos
na futura planificação e racionalização de um largo programa de realizações nacionais.
O Município é, para os integralistas,
a base fundamental da Unidade da Pátria. A sua autonomia tem sido sistematicamente
destruída pela política centralizadora das Províncias erigidas em Estado.
Soberano. Todos os males de que se acusam as administrações municipais não
provém do Município em si mesmo, porém da interferência de partidos estaduais
na vida municipal. Essa interferência pela pressão do prestígio de organizações
partidárias externas redunda nesta desgraça: o povo de um Município, jamais
escolhe livremente os seus representantes Municipais. Uma verdadeira máquina
organizada de compressão eleitoral, manobrada através de um diretório político,
em remoções e demissões de funcionários, em nomeações de autoridades policiais
previamente orientadas no sentido das perseguições mais atrozes, o arbítrio na
distribuição de verbas para serviços públicos, tudo isso atrofia o espírito autonômico
dos Municípios, impedindo que a escolha dos vereadores e prefeitos se dê de conformidade
com os interesses da cidade.
Em consequência disso, geralmente as
administrações são más, pois nunca pesa sobre os administradores a ameaça da
retirada da confiança do eleitorado, uma vez que esses vereadores e prefeitos
se julgam garantidos em futuras eleições, pela força externa do partido que
interfere na vida municipal, anulando, praticamente, a teórica autonomia que a
Carta Constitucional consagra.
Os resultados dessa crescente
dominação dos sindicatos eleitorais organizados nas capitais das Províncias
sobre os Municípios inermes são extremamente graves para a Unidade Nacional. É
que, cada vez mais, desvirtuando-se a Democracia, sufocando-se a Liberdade, os
governadores dos Estados, acastelados no partido situacionista, fortalecem-se
em somas eleitorais e com elas ameaçam o Poder Central da República.
O fenômeno que se observa (e só os cegos
ou os loucos não percebem) é a concomitância de dois fatos inegáveis, que se acentuam
no desenvolvimento da política antiliberal e antidemocrática predominante no
Brasil:
1º) - O enfraquecimento político da célula
municipal;
2º) - O enfraquecimento consequente do
Poder Federal.
Engorgita-se a glândula provincial e a
Nação sofre os distúrbios de uma perturbadora disritmia. Verifica-se um desequilíbrio
mórbido que estiola as fontes da vitalidade nacional, tornando anêmica a nossa
expressão política, determinando fenômenos de esgotamento nervoso da opinião pública
e astenia muscular profunda nos órgãos de defesa da Pátria. Serve-se disso o comunismo
como disso se aproveita o capitalismo internacional. E o Brasil caminha para a
ruina em consequência de um fatozinho que passa despercebido aos nossos sociólogos
e políticos: a atrofia política do Município.
Nestas condições, estando no Município
a chave do problema nacional brasileiro, nós, integralistas, estabelecemos
estas formulas:
Para a Província, em relação à União: máximo
de autonomia administrativa; mínimo de autonomia política.
Para o Município, em relação à Província:
planificação administrativa pela Província; plena autonomia política da célula
municipal.
Seria longo expor aqui todo este capítulo,
que é básico na estrutura do Novo Estado, onde existirá a verdadeira Democracia,
a legitima Liberdade, a prática do mais puro pensamento que inspira teoricamente
o atual regime e é desvirtuado, na prática, pela política objetiva.
O que eu quero dizer é que esta reunião
no Rio, de um Conclave Parlamentar, em que tomam parte todos os vereadores,
prefeitos e deputados das Províncias Meridionais eleitos pelo Integralismo, assinala
uma afirmação importantíssima dos camisas-verdes. Sendo o primeiro congresso dessa
natureza realizado no Brasil, ele revela as linhas do nosso ideário político e
proclama os direitos de vida dos Municípios brasileiros.
Nesta hora de pregação nacionalista, eu
afirmo, com toda a minha convicção oriunda da experiência que, para mim,
madrugou, desde quando, aos vinte anos, batalhei na política municipal,
chegando mesmo a organizar numa zona do Estado de S. Paulo, um partido
municipalista, no qual congreguei numerosos Municípios: - será inútil toda pregação
de nacionalismo se não fortalecermos o Poder Central da República e, para
fortalecer o Poder Central temos de, preliminarmente, tomar a defesa da causa
do Município contra o arbítrio dos Estados.
Ou fazemos isso, ou não temos Nação.
Ou fazemos isso, ou prolongamos as lutas hegemônicas que ensanguentam nossa Pátria
de quatro em quatro anos. Ou fazemos isso, ou substituímos milhares de núcleos
de brasilidade por vinte e dois blocos heterogêneos em perpetua luta. Ou
fazemos isso, ou fortaleceremos o regionalismo, que marcha para o separatismo.
Ou fazemos isso, ou não teremos nem mesmo unidade policial, unidade judiciária,
unidade educacional, unidade moral, unidade de sentimentos para opormos uma
barreira ao comunismo invasor.
As Côrtes do Sigma, coincidindo com o
1º. Congresso Nacional Feminino e com o Conclave Parlamentar das Províncias Meridiões,
adquirem uma significação histórica extraordinária, na hora que passa.
Os fúteis, que discutem integralismo
sem conhecer nada de nossa doutrina política; os tardos de inteligência, que
não percebem a supervisão destes problemas essenciais da nossa vida de povo; os
perversos, que de propósito sofismam, apontando-nos como extremistas; os
vendidos, que trabalham a soldo de Moscou ou de Londres, esses poderão
contestar-me.
Como não sou um caçador de quatriênios,
porém um preparador de caminhos para as novas gerações, responder-lhes-ei que
estas minhas palavras serão confirmadas no Futuro: ou pela Vitória do
Integralismo, que dará Unidade, Força, Dignidade, Grandeza à nossa Pátria, ou
pela desagregação, pela ruína pela infâmia que nos trarão o separatismo e o comunismo.
Estou, porém, convencido de que os
arruinadores da Nação jamais conseguirão deter esta marcha de conscientes no
meio das turbas de inconscientes; jamais conseguirão sufocar, com as maiores opressões,
esta decisão de um milhão de brasileiros de camisa-verde; jamais lograrão
evitar que este desígnio esclarecido, esta luta no campo das ideias e dos
sentimentos, iluminada pelo estudo, pelo raciocínio, pela visão realista do
Brasil, se transforme, como já se está transformando, em fatalidade da História,
para honra da nossa gente.
Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 14 de Outubro de 1936.
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