Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível
graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
CERTEZA DE DIREÇÃO (11/05/1937)
Plínio Salgado.
O prestígio
do Integralismo neste instante procede de um fato que ninguém poderá negar: a
sua linha impecável de coerência política.
A Nação
Brasileira tem sido testemunha dessa uniformidade de atitudes, que revela, no
Movimento do Sigma, uma unidade doutrinária absolutamente singular no panorama
partidário do país.
Nunca nos,
afastamos um milímetro do documento inicial com que nos apresentamos perante a
Nacionalidade: o "Manifesto de Outubro".
Basta apreciar,
uma por uma, as nossas sucessivas posições em diferentes fases do nosso drama
político. Só os desonestos poderão sofismar sobre as diretrizes que temos
adotado em face dos acontecimentos. Não haverá homem de bem que possa apontar
uma única falha na orientação segura desta marcha integralista.
É que não
defendemos homens e, sim, princípios. Não nos interessam os partidos e, sim, as
ideias que eles porventura pudessem condicionar. Não procuramos cargos,
proventos, prestígios ou proteções oficiais; o que ofertamos à Nação, na hora
da construção serena ou dos perigos iminentes, ofertamo-lo de graça, porque ela
precise ou mereça, e não estendemos a mão aos detentores do Poder, a reclamar
alvíssaras e propinas a que estão habituados os "patriotas" de ocasião.
Assim sendo,
não estamos com pessoa alguma, por mais poderosa que seja, ou mais contemplada
pelo vaticínio dos hierofantes como próxima herdeira dos conchavos que se
processam à revelia do Poro.
Estamos com a
nossa doutrina. Da nossa doutrina não sairemos, porque sem ela já não é possível
servir ao Brasil.
Enganam-se quantos
julgarem que nos alimentamos de lisonjas e que, inebriados por louvores cálidos,
sacrificaremos a nossa linha de coerência doutrinária, que se afirma,
principalmente, pela Unidade da Pátria e pelo princípio da autoridade do
Estado.
Quem estiver
com a Nação estará conosco: quem trair a Nação será nosso adversário. Entendemos
Nação tudo o que supera os interesses estanques dos regionalismos e os arbítrios
isolados dos governadores. No mapa do Brasil não concebemos fronteiras internas.
Podemos considerar, quando muito, as linhas marcantes de circunscrições administrativas,
nunca, porém, os limites de antagonismos políticos ou as bases territoriais das
transações nefastas ao princípio da Unidade Nacional.
Esta doutrina
não é de hoje. Desde o "Manifesto de Outubro" de 1932 ela se tornou
largamente conhecida em todo o país. Em janeiro de 1936, concretizamo-la nas
linhas do "Manifesto-Programa", aplicando-a no plano das
transformações objetivas.
Todo aquele que
pregar pontos dessa doutrina, estará prestigiando parcialmente, ou totalmente,
o Integralismo. E quem assim o fizer não se diminuirá aos olhos da Nação, antes
crescerá, porque a consciência brasileira está hoje convencida de que não há
salvação fora do Sigma.
*
O fato do
Integralismo se sentir apoiado através de alguns de seus postulados, por estes ou
aqueles brasileiros portadores de altas patentes militares ou altas credenciais
no governo do País, não significa adesão dos camisas-verdes a quem quer que seja
e por mais patriota e digno que seja. Porque tudo neste mundo é suscetível de
aderir: menos uma doutrina. A inteligência, livre e esclarecida, pode aderir a
uma doutrina; mas uma doutrina não pode aderir à mais poderosa inteligência humаnа.
Nestas
condições, o Integralismo não será subsidiário incondicional de qualquer
governo, embora esteja sempre disposto a prestigiar, feitas as necessárias reservas
doutrinárias, o governo que se manifeste interessado em defender certos princípios
coincidentes com as linhas puras do pensamento de Sigma.
A prova disso
tem sido a colaboração que temos dado, desinteressadamente, ao Governo Federal,
no combate a comunismo e na sustentação do princípio da Ordem baseado na
autoridade – que desejaríamos sem contraste - do Poder Central.
A perfeita compreensão
dessa atitude do Integralismo por parte do sr. presidente da República tem sido
evidente. Sabendo que conta conosco nas emergências em que estiver perigando a
Nação, s. excia. jamais nos insinuou, ainda que de leve, a possibilidade de uma
colaboração de nossa parte nessas combinações políticas em que falam os mais
variados interesses, menos o interesse da Pátria.
*
O problema da
sucessão presidencial que se resolve, fora do Integralismo, entre governadores,
à revelia do povo, à revelia mesmo dos eleitores dos partidos estaduais, será
resolvido nas fileiras verdes da maneira mais democrática possível.
Com o nome
saído dos comícios plebiscitários, compareceremos ao pleito presidencial.
Iremos sozinhos. Lutaremos sozinhos, Sustentaremos sozinhos a nossa doutrina,
os nossos princípios.
Seremos uma
voz clamando pela Unidade Nacional, pelo fortalecimento do Poder Central. Não
Importa saber quem assumirá o Poder Central, Baseamo-nos num princípio de Ordem
e de Defesa Nacional. Seremos uma voz clamando pela mística da Pátria. Esse
exemplo há de servir para as gerações futuras. E o Integralismo terá cumprido o
seu dever na História.
Vencedores, executaremos
nosso programa, que não foi engendrado de afogadilho ao rumor da cabala, mas foi
publicado em janeiro do ano passado. Vencidos, daremos ao Poder que se
constituir -seja ele qual for -, o mesmo apoio nos pontos pacíficos de doutrina,
que temos dado sem compromissos políticos, ao governo atual. Para isso, não
exigimos compensações, nem cargos, nem posições eminentes: exigimos apenas as legítimas
liberdades que nos competem mediante o cumprimento da Constituição e das leis.
Porque dentro de normas pacíficas pretendemos desenvolver a propaganda de nossas
Ideias e conquistar o Brasil para os brasileiros.
*
Essa atitude
doutrinária do Integralismo tem nos valido sacrifícios dolorosos em Estados
onde os governadores enxovalham a Constituição e as leis. Temos preferido as
longas e exasperantes marchas dos processos através das instâncias judiciárias
e das diversas alçadas do país, durante cujas formalidades suportamos o tripudio
da coação sobre o Direito, a adotarmos remédios facílimos e rápidos, cuja eficácia
a nossa força numérica e material assegura. Não é por medo ou insuficiência de
meios que assim nos temos conduzido, mas porque destarte procedendo, firmamos,
na prática, a nossa doutrina, que nos manda reclamar perante a Justiça enquanto
houver Justiça e confiar na Lei enquanto houver Lei.
*
Esse modo de
agir está conforme os nossos gestos em instantes graves de ameaça do bolchevismo
contra o Brasil. O Governo Federal sabe e altas patentes militares o atestam,
de público, dos serviços que temos prestado à Ordem. O telegrama que passei ao
sr. presidente da República, em novembro de 1935, oferecendo-lhe cem mil
camisas-verdes, para a luta do Brasil contra a Rússia, não deixa dúvidas a esse
respeito. Era e é sem compromissos políticos de espécie alguma a nossa colaboração
com a Autoridade Nacional na defesa da dignidade da Pátria.
E ainda
naquele momento não éramos nós que aderíamos; tratava-se, bem analisando, de
uma resposta digna e leal a um governo que, assumindo atitude enérgica e firme
contra o Soviete, instantaneamente consagrava como norma de conduta um dos
postulados que vínhamos defendendo desde 1932.
De acordo com
os princípios norteadores de nossas atividades educacionais, temos emprestado
todo o prestígio à obra da Liga de Defesa Nacional, da Liga Naval Brasileira,
do Ministério da Educação, quando essas entidades comemoram grandes vultos e
grandes datas da Pátria. Idêntica atitude temos adotado em relação ao Aero-Club
do Brasil e a entidades cívicas do gênero do Centro Carioca. E isso não quer
dizer que tenhamos aderido a nenhum dos promoventes desse culto; encontrando-os
em nosso caminho, estendemos-lhes lealmente a mão.
Tudo, pois,
evidencia que daremos sempre o nosso apoio àqueles que exaltarem princípios
contidos em nossa doutrina. Esse apoio não envolve nenhum compromisso além do inerente
ao objeto doutrinário em apreço.
*
O
Integralismo e os integralistas estão livres de qualquer peia de compromissos
políticos. Todo o seu dever de juramento é para com a sua doutrina.
Tudo o que
estiver dentro da nossa doutrina será apoiado. Tudo o que estiver fora dela
será combatido.
Que cada
Integralista traga no bolso um "Manifesto de Outubro" e um
"Manifesto-Programa"; e quando lhe perguntarem com quem nós estamos,
exiba aqueles impressos e afirme: "estamos com estes documentos".
A limpidez
dessa linha de conduta é única na História do Brasil. Mais tarde, muito se
falará desse grande fato histórico.
De facto;
nada é mais belo no Brasil do que este movimento que exprimiu, numa hora triste
de interesses mesquinhos, traições, perfídias, hipocrisias, mentiras, engodos,
velhacarias, patifarias, comodismo, oportunismo, - a glória de uma orientação
segura e de uma eloquente honestidade.
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 11
de Maio de 1937.
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