Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi
possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é
Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
COM A PALAVRA O SENADOR COSTA REGO (17/10/1936)
PLÍNIO SALGADO
Na hora em que se realiza, na Capital
da República, pela primeira vez na História do Brasil, um conclave de deputados
estaduais, prefeitos e vereadores, sem preocupações estaduais e com um só
pensamento nacional de unidade da Pátria;
na hora em que se realiza, com o mesmo
pensamento e o mesmo sentimento, o 1º Congresso Nacional Feminino da A.I.B.,
que realiza o milagre de reunir no Rio senhoras e moças de todas as Províncias;
na hora em que, culminando essas
imponentes manifestações do Brasil-Uno e Indivisível, reúnem-se, também, em
Guanabara, os Chefes Provinciais do Integralismo em todo o país, para tomarem
parte, com o Supremo Conselho, o Secretariado Nacional e a Câmara dos Quarenta,
nas assembleias das Côrtes do Sigma:
- Eu não preciso, para significar a
importância desses fatos, escrever o meu artigo quotidiano.
Escreveu-o, por mim, publicando-o no
"Correio da Manha", de ontem, o senador Costa Rego, diretor daquele
importante matutino.
Dou, portanto, a palavra a Costa Rego:
"OS FATORES DA UNIDADE"
"A língua é um fator inconcusso
da unidade brasileira. Não é certamente o único, porque, isolada, ela não faz a
unidade; mas a unidade que se funda, entre outros elementos, na língua é sempre
forte.
A este respeito, o Brasil apresenta um
exemplo impressionante, quando o comparamos com as outras nações: não há entre
nós nenhum dialeto, ao passo que os há mesmo em Portugal.
Mario Marroquim estudou o fenômeno e
atribuiu-o à "mobilidade brasileira", quer dizer ao hábito de
deslocar-se o homem de um para outro ponto do país. Esse hábito foi-lhe, de
resto, imposto pela própria natureza, tão vasta e surpreendente que o seduzia
sempre à aventura. Resultou, por fim, da divisão administrativa da terra, que,
tendo criado núcleos diversos, disseminou uma população de costumes idênticos.
Criaram-se - era natural - verdadeiras
zonas linguísticas, com peculiaridades que não chegaram, entretanto, a afetar a
estrutura do idioma e lentamente se diluem na evolução dos modos.
Diluir as peculiaridades das zonas
linguísticas é, assim, um trabalho político a sustentar. Nesse trabalho colabora
grandemente o Exército, que, sendo, pela unidade militar, um instrumento da feição
mais característica da unidade nacional, estabelece o contato continuo das
inteligências na permanente deslocação das guarnições, formadas por homens de
todas as zonas, fundidos no mesmo sentimento superior do serviço da Pátria.
O problema da unidade brasileira – não
nos iludamos - há de ser sempre, através dos anos, o grande problema político
do país, pois não basta possuir a unidade: é necessário preserva-la. E ela fica
tanto mais exposta quanto é certo que, promanando até hoje de forças morais,
pode sofrer o ataque das forças econômicas mal encaminhadas, propendendo para
os regionalismos da produção e do comércio. É o que tenho procurado combater na
criação absurda de uma frota mercante regional, como a projetada, do Rio Grande
do Sul, em detrimento tácito do Lloyd Brasileiro, esse outro grande instrumento
de unidade, que um antigo ministro da Fazenda, por coincidência filho do Sul,
já quis levar à falência.
A política é no Brasil um desencanto
onde não raro se estiolam as boas vontades. Poderíamos modifica-las no sentido
de uma permanente inquietação em torno do Brasil não apenas unido, mas uno. A simples
união não é a unidade.
Todo brasileiro tem, a meu ver, um
esforço indiscutível a cumprir, qualquer que seja sua religião, seu partido ou
sua zona de nascimento: é o esforço de afastar os fatores de desagregação.
Nem sempre os grupos políticos, em sua
ação estritamente partidária, avivada ou empecida, conforme as conveniências,
pelas rivalidades funestas das pessoas e dos interesses, compreendem o problema
da unidade. Para eles estando feita a unidade é intangível.
Mas os povos crescem e marcham. No
crescimento e na marcha eles procuram um destino que preciso fixar, sob pena de
crescerem e marcharem sem o sentido nacional, repetindo velhos dramas da História.
Há seis anos, surgiu no Brasil um
movimento a que muitos, em sua insciência do que exprimem e podem as exaltações
coletivas, não deram o devido apreço. Quero referir-me ao Integralismo. O Integralismo
realizou o milagre, ainda não visto na República, de uma coordenação rigorosamente
nacional.
Ao mesmo tempo em que este
acontecimento se verificava, o Código Eleitoral outorgado pelos poderes instituídos
em 1930 prescrevia e estimulava a formação dos partidos do mesmo gênero, isto
é, nacionais. Cedo, porém, os vícios da Política pura e simples frustraram esse
ideal, que haveria servido à causa da unidade. E o Integralismo - só ele, isolado
- constitui hoje o elemento essencialmente político em luta pelo país uno, enquanto
nós outros perdemos um tempo sem fim para tornar o país apenas unido. Mesmo os
que não adotam a doutrina deveriam impressionar-se com o facto.
Há, por conseguinte, uma obra de pensamento
a concluir, e ela depende - reconheçamos – da coragem com que enfrentarmos a
realidade, em lugar de nos afundarmos nas praxes obsoletas do regionalismo, a
que já devemos tantas de nossas penas e tantos de nossos erros."
Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 17 de Outubro de 1936.
Nenhum comentário:
Postar um comentário