Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi
possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
RUDIMENTOS DE LÓGICA (30/04/1936)
Plínio Salgado
A
impressão que se colhe das perseguições desenvolvidas contra o Integralismo nas
cidades mineiras é a de que o Governo daquele Estado teme perder as eleições municipais,
a se realizarem no próximo mês de junho.
Os
camisas-verdes estão vendo, suas sedes fechadas, em vários municípios de Minas
Gerais. Se a logica ainda é logica, não nos podemos furtar ao seguinte raciocínio:
Só
se persegue aquilo que representa um perigo para o perseguidor;
o
Integralismo está sendo perseguido pelo Governo de Minas Gerais;
logo,
o Integralismo representa um perigo para esse Governo.
Aceita
essa conclusão, cumpre observar qual a espécie desse perigo: Só podem ser duas
as espécies do perigo: o perigo de luta armada e o perigo eleitoral.
Vejamos
se há o perigo de luta armada.
Cumpre
perguntar: há interesse para o Integralismo em deflagrar uma revolução armada
em Minas Gerais?
Para
responder a esta pergunta, temos de formular outra: o Integralismo pretende
apenas o governo de Minas, ou o de todo o Brasil?
Tratando-se
de um partido registrado para âmbito nacional; tratando-se de um movimento que
obedece a um Chefe Nacional; tratando-se de uma campanha que em seus repetidos
manifestos e documentos proclama o objetivo de tomar para os camisas-verdes o
governo total da Nação Brasileira, temos de responder: O Integralismo não se
interessa, isoladamente pelo Governo de Minas, pois pretende para si o Governo
da Nação.
Respondida
essa pergunta, responde-se facilmente à outra, isto é, aquela que diz: há interesse
para o Integralismo em deflagrar uma luta armada em Minas?
E
respondemos da seguinte maneira: só haverá esse interesse no caso do Integralismo
desencadear essa luta armada em todo o país, isto é, em todos os Estados, ao
mesmo tempo.
Vejamos
agora se o Integralismo está se preparando para luta armada nos outros Estados.
Se estiver, então logicamente também estará fazendo a mesma coisa em Minas.
Como
poderemos verificar a atuação do Integralismo nos outros Estados? Pelos únicos
órgãos competentes para o fazer. Quais são esses órgãos competentes? As polícias
estaduais.
Pois
bem. Que dizem essas polícias? Articulam alguma acusação contra o Integralismo?
Apontam fatos concretos? Possuem documentos nesse sentido? Efetuaram alguma
prisão, como seria de seu dever?
Nada
disso. Pelo contrário. A polícia, no caso a mais importante, a da capital da
República, de- clara, não somente numa entrevista de seu chefe, o capitão
Filinto Muller, mas ainda numa carta que este envia ao Integralismo e é
publicada pelo órgão oficial do movimento, e é lida ao Rádio, declara que o.
Integralismo está agindo de acordo com as leis e a Constituição.
Mais
ainda: o próprio presidente da República, que deve estar segurissimamente
informado por todas as polícias do país, afirma, numa entrevista à imprensa,
que o Integralismo, na sua propaganda e métodos de ação, jamais se afastou da
linha do cumprimento do dever perante a Constituição e as leis vigentes no país.
A
corroborar essas asserções da mais alta autoridade policial da República e do máximo
magistrado da Nação, temos a palavra dos juízes brasileiros, dos Tribunais
Eleitorais Regionais, das Cortes de Apelação. Vitorioso em numerosos casos
submetidos à apreciação da magistratura, o Integralismo evidencia-se como um
movimento pacífico e ordeiro, agindo dentro das normas constitucionais e legais.
Fica,
pois, exuberantemente provado que Integralismo não está conspirando, não esta
preparando golpe de força em nenhum Estado do Brasil.
Ora,
sendo esse momento nacional, objetivando o governo da República, pelos meios normais
da democracia, isto e, por meio do voto, é logico que não o interessa tomar de
assalto o governo de Minas. Seria obra até de anti-integralismo.
Se,
portanto, os integralistas não estão preparando luta armada em Minas, resta a hipótese
de que eles representam um perigo de natureza eleitoral.
Não
representassem um perigo, o Governo não os perseguiria. Ninguém se preocupa com
adversários inofensivos.
Fica,
pois, muito feio para o Governo mineiro qualquer restrição à propaganda do Sigma
nas cidades de Minas Gerais.
Isso
significa que o Governo está com medo de perder as próximas eleições municipais
em muitos lugares, onde as Prefeituras e as Câmaras irão fatalmente para as
mãos dos camisas-verdes.
É
bem possível que o chefe de Polícia de Belo Horizonte afirme que os núcleos
integralistas não estão sendo fechados por ordem sua, mas pelos delegados de polícia
locais, que agem à sua revelia. Mas, se o Governo de Minas se pronunciar assim,
oferece ao país inteiro o triste espetáculo de uma insuficiência de autoridade.
Esses
expedientes sempre foram muito usados pelos partidos situacionistas, antes da
Revolução de 30. São métodos completamente desmoralizados, que não iludem nem a
Justiça, representada pelos juízes e tribunais, nem a opinião pública, que mais
ainda se revolta contra semelhantes manobras politiqueiras.
O
Governo de Minas Gerais, se não quiser ficar numa posição inferior ao governo
de São Pauto, por exemplo, que antes, durante e depois das eleições permitiu
plena liberdade ao Integralismo, deverá imediatamente providenciar para que os
núcleos integralistas se reabram, para que os camisas-verdes gozem de
liberdade.
Ou o
Governo faz isso, ou toda a Nação ficará sabendo que ele teme uma derrota
eleitoral.
Publicado
originalmente n’A OFFENSIVA, em 30
de Abril de 1936.
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