Capa da 1ª edição (1956) do "Livro Verde da Minha Campanha". |
Sérgio de
Vasconcellos
No
Carnaval de 1948, a célebre naturista Luz del Fuego, compareceu ao tradicional
baile de Carnaval do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, patrocinado pela
Prefeitura do então Distrito Federal, em trajes de “Eva”, apenas com uma
serpente de fantasia enrolada no corpo... Indignados com tamanha demonstração
de impudicícia, os diretores do Baile, arvorados em defensores dos valores
morais, expulsaram a foliã. Como era de se esperar a imprensa, explorou
avidamente o acontecido, publicando muitas fotografias reveladoras...
Diante
de tanto farisaísmo, Plínio Salgado escreve um artigo de jornal, “A Mulher
Nua”, uma das mais belas e duras páginas da Literatura Brasileira, denunciando
de forma contundente o falso moralismo e a hipocrisia da sociedade brasileira,
mais revoltantes que o nudismo escandaloso da carnavalesca.
Em
1950, Luz del Fuego, sem o consentimento de Plínio Salgado, publica o citado
artigo no seu hoje raríssimo livro “A Verdade Nua”.
O
próprio Plínio Salgado incluiu, como um capítulo, aquele seu artigo no livro “O
Espírito da Burguesia”, editado em 1951 e, posteriormente, na obra “O Livro
Verde da Minha Campanha”, que é de 1956.
Tudo
continuaria no melhor dos mundos possíveis, se Plínio Salgado não resolvesse
confrontar mais uma vez a burguesia brasileira, lançando-se Candidato à
Presidência da República, nas eleições de 1955.
Não
tendo o que dizer do Fundador do Integralismo, homem de extremada correção
moral, os inimigos do Brasil optaram por trazer à baila aquele artigo, acusando
Plínio Salgado de imoral e defensor do nudismo. Diariamente, a “grande
imprensa” falava de “A Mulher Nua”, evidentemente sem transcrevê-lo, e
distorcendo o seu conteúdo. Uma campanha de difamação sem precedentes na
história política nacional.
Entre
os que se empenharam nesta sórdida e repugnante campanha, achava-se o escritor
Gustavo Corção, ainda na esquerda Católica, que tinha dois motivos para
encarniçar-se contra o Autor da “Vida de Jesus”, um pessoal e o outro político:
Em
1948, Plínio Salgado fora convidado pelo Bispo Dom Ballester Nieto, por
indicação do Vaticano, para participar das Conversações Católicas
Internacionais de San Sebastian, que tinham por finalidade elaborar um
documento que seria a contribuição da Igreja Católica à Declaração Universal
dos Direitos Humanos, da ONU. Sobre esta experiência, Plínio Salgado escreveu o
magnífico livro ”Direitos e Deveres do Homem”, cuja leitura recomendamos a
todos os Brasileiros. Pois bem, o Sr. Corção, que tinha a firme convicção, dado
ser um dos líderes do laicato católico, que seria ele o convidado para
representar a inteligência católica brasileira naquela prestigiada reunião,
jamais perdoou Plínio Salgado por ter sido o escolhido, uma afronta...
Além
desse injustificado ressentimento, o sr. Corção apoiava ao cripto-comunista
Juarez Távora, também candidato à presidência pelo PSB.
Vários
líderes religiosos vieram a público defender Plínio Salgado daquelas falsas
acusações, mas vejamos apenas o que declarou Dom Antônio Lustosa, Arcebispo de
Fortaleza: “Conheço o artigo de Plínio Salgado sobre o nudismo. Trata-se de uma
clara condenação à decadência dos nossos costumes sociais. Considerar o artigo
favorável ao nudismo é não entendê-lo ou, então, vira-lo ao avesso. Aliás, a
vida do ilustre escritor é incompatível com a doutrina pagã que o artigo
verbera.”
Os
que desejarem conhecer o relato do próprio Plínio Salgado sobre este episódio
deverão ler o “Livro Verde da Minha Campanha”, obra em que faz um balanço
daquela sua campanha presidencial, e onde, no capítulo XI, trata do assunto.
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