Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi
possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder
Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior
Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente,
é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o
trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/
AOS TRABALHADORES DO BRASIL (01/05/1936)
PLÍNIO SALGADO
Nada mais digno, nada mais belo, nem
mais glorioso, do que o Trabalho; nada mais nobre, mais significativo no plano
do Universo, do que o Trabalhador.
O Trabalho não é apenas uma
necessidade, porque é uma condição de harmonia universal. Energia, no plano divino,
conduz os astros e desperta as primaveras. Energia, no plano humano, conduz as
Nacionalidades e suscita as Civilizações.
Essência da própria matéria, a força
é o Trabalho, obedecendo no mundo físico à vontade consciente, ordenadora de
Deus. Elemento fundamental do aperfeiçoamento humano, a energia da inteligência
e dos músculos é o Trabalho, obedecendo, no mundo social, à vontade consciente
do Homem.
O Trabalho não é o "mais
valor" de Marx. Porque o Trabalho é o valor único, o valor que não deve
conhecer contraste numa concepção integralista da vida, da sociedade e do
Estado.
O Trabalho não é um direito, porque é
um dever. Como direito, ele se escraviza; como dever se eleva e se liberta.
Como direito, o Trabalho, mendiga
diante dos Poderosos; como dever, ele se fortalece e se impõe, salvando-se dos
exploradores e tomando dentro da Nação o lugar mais alto e mais digno.
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* *
O Trabalho não pode ser o objeto de
exploração do Capitalismo, nem o objeto de escravidão do comunismo. O Trabalho
não pode se beneficiário da munificência e altruísmo do Estado; porque o
Trabalho deve constituir a própria razão de ser da existência dos Governos, a
fonte da soberania nacional, a origem da autoridade, a inspiração da Justiça, o
imperativo que cria os deveres dos dirigentes em face de um dever que decorre
de uma lei natural.
O Trabalho não é antagonista do
Capital, porque este é uma condensação do próprio Trabalho, uma soma de
energias concretizadas num potencial econômico. Nestas condições, não compreendemos,
nós, integralistas, que o Trabalho seja, nem antagonista, adversário, inimigo
do Capital, e nem tão pouco, que Trabalho e Capital devam harmonizar-se, no
sentido que esta palavra adquiriu na técnica verbal dos teoristas burgueses. Só
se, harmonizam elementos "diferentes", coisas distintas, e, para nós,
Integralistas, não ha distinção entre Capital e Trabalho, pois um e outro representam
a mesma coisa, em circunstâncias diversas.
A água não deixa de ser água, quer
esteja em estado de vapor, quer se apresente em forma de líquido, quer nos apareça
nos blocos sólidos do gelo.
O comunismo pretende solucionar o
problema econômico-social, como alguém que quisesse que todos os gelos e todos
os vapores do mundo se liquefizessem, ou todos os líquidos se solidificassem ou
se vaporizassem.
O capitalismo quer manter distinções
fundamentais entre a soma de TRABALHO ACUMULADO, de TRABALHO EM EFFICIÊNCIA e de
TRABALHO EM POTENCIAL.
Nós consideramos o Trabalho como
elemento único, apresentando-se em expressões diferentes. Na diversidade dos
aspectos, a unidade absoluta da energia humana. Consideramos Trabalho, o
Capital; consideramos Trabalho, o esforço, e realização diária das eficiências
humanas em ritmo de criação; e consideramos, ainda, Trabalho, a energia, a
capacidade em potencial, que se encontra em estado latente no cérebro e nos músculos
daqueles que uma organização social errada conserva em disponibilidade.
Trabalho acumulado (Capital);
Trabalho em ação criadora (mão de obra); e Trabalho em disponibilidade
(desempregados), o Estado deve por todas estas formas zelar, submetendo-as, não
a uma finalidade propriamente do Estado, mas aos supremos interesses que essa
finalidade objetiva: o equilíbrio social e a felicidade humana.
O Trabalho, elemento essencial, único,
das manifestações da vida do indivíduo, da família, do grupo profissional, da sociedade,
do Estado e da Humanidade, nós o consideramos, ao mesmo tempo, como SUJEITO e
como OBJETO. O Trabalho é sujeito, quando o encaramos força propulsora da
Economia e fonte originária do Estado; o Trabalho é OBJETO, quando o tomamos
como energia, cujo desenvolvimento deve submeter-se à moral humana e ao espírito
de justiça e de equilíbrio que o Estado encarna.
Pois o Estado existe em razão do
Trabalho. Sendo o Trabalho um dever humano, ele se espiritualiza, eleva-se de
tal forma, que exige garantias, as quais são asseguradas pela Força do Estado.
O Estado, pois, seria supérfluo, si o Trabalho não existisse. Existindo o
Trabalho como dever, ele moraliza o direito do trabalhador. Moralizando esse
direito, exige uma execução de normas éticas. Exigindo essa execução, engendra
o conceito de Estado. O Estado, em última análise, é uma manifestação jurídica
de Trabalho. O Trabalho, examinada a questão a fundo, é a fonte de todos os direitos
públicos e privados, porque o direito, sendo um conceito de equilíbrio
inspirado na moralidade, só poderia ter origem num dever que oferece as normas
seguras da moralidade.
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O Trabalho, para os Integralistas, é
base do Estado e do Governo.
Ele procede de um alto pensamento
espiritual. Essa a razão porque combatemos o Capitalismo, que se inspirou no
materialismo, na negação de Deus e do Espírito, para justificar sua tirania e opressão
sobre os trabalhadores. Essa a razão também porque combatemos o Comunismo, pois
este aceitou o conceito materialista do Trabalho, segundo ensinou a burguesia
capitalista, e engendrou um antagonismo que, em última análise, nega a essência
natural do Trabalho.
A luta de classe, segundo Marx, é um
conceito do século passado. É um conceito burguês e materialista. O
Integralismo, doutrina do século XX, já não tolera essa incapacidade mental de
compreender o plano geral do mundo, das eficiências, assim como o plano geral,
da economia, da sociedade e do Estado.
Só nós, Integralistas, podemos
festejar o Dia do Trabalho com a compreensão exata do século XX. O Trabalho,
para os Integralistas, é a fonte do espírito de justiça, da inspiração política
e dos anseios de liberdade humana.
Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 01 de Maio de 1936.