quarta-feira, 19 de junho de 2024

AOS TRABALHADORES DO BRASIL (01/05/1936)

 

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças à generosa colaboração do Prof. Paulo Fernando, conhecido Líder Pró-Vida, profundo pesquisador da História do Brasil, possuidor da maior Pliniana existente, que nos permitiu o acesso a sua Hemeroteca; e, atualmente, é Deputado Federal pelo Distrito Federal. Aos que desejarem conhecer mais o trabalho do Prof. Paulo Fernando indicamos: https://www.instagram.com/paulofernandodf/

AOS TRABALHADORES DO BRASIL (01/05/1936)

PLÍNIO SALGADO



Nada mais digno, nada mais belo, nem mais glorioso, do que o Trabalho; nada mais nobre, mais significativo no plano do Universo, do que o Trabalhador.

O Trabalho não é apenas uma necessidade, porque é uma condição de harmonia universal. Energia, no plano divino, conduz os astros e desperta as primaveras. Energia, no plano humano, conduz as Nacionalidades e suscita as Civilizações.

Essência da própria matéria, a força é o Trabalho, obedecendo no mundo físico à vontade consciente, ordenadora de Deus. Elemento fundamental do aperfeiçoamento humano, a energia da inteligência e dos músculos é o Trabalho, obedecendo, no mundo social, à vontade consciente do Homem.

O Trabalho não é o "mais valor" de Marx. Porque o Trabalho é o valor único, o valor que não deve conhecer contraste numa concepção integralista da vida, da sociedade e do Estado.

O Trabalho não é um direito, porque é um dever. Como direito, ele se escraviza; como dever se eleva e se liberta.

Como direito, o Trabalho, mendiga diante dos Poderosos; como dever, ele se fortalece e se impõe, salvando-se dos exploradores e tomando dentro da Nação o lugar mais alto e mais digno.

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O Trabalho não pode ser o objeto de exploração do Capitalismo, nem o objeto de escravidão do comunismo. O Trabalho não pode se beneficiário da munificência e altruísmo do Estado; porque o Trabalho deve constituir a própria razão de ser da existência dos Governos, a fonte da soberania nacional, a origem da autoridade, a inspiração da Justiça, o imperativo que cria os deveres dos dirigentes em face de um dever que decorre de uma lei natural.

O Trabalho não é antagonista do Capital, porque este é uma condensação do próprio Trabalho, uma soma de energias concretizadas num potencial econômico. Nestas condições, não compreendemos, nós, integralistas, que o Trabalho seja, nem antagonista, adversário, inimigo do Capital, e nem tão pouco, que Trabalho e Capital devam harmonizar-se, no sentido que esta palavra adquiriu na técnica verbal dos teoristas burgueses. Só se, harmonizam elementos "diferentes", coisas distintas, e, para nós, Integralistas, não ha distinção entre Capital e Trabalho, pois um e outro representam a mesma coisa, em circunstâncias diversas.

A água não deixa de ser água, quer esteja em estado de vapor, quer se apresente em forma de líquido, quer nos apareça nos blocos sólidos do gelo.

O comunismo pretende solucionar o problema econômico-social, como alguém que quisesse que todos os gelos e todos os vapores do mundo se liquefizessem, ou todos os líquidos se solidificassem ou se vaporizassem.

O capitalismo quer manter distinções fundamentais entre a soma de TRABALHO ACUMULADO, de TRABALHO EM EFFICIÊNCIA e de TRABALHO EM POTENCIAL.

Nós consideramos o Trabalho como elemento único, apresentando-se em expressões diferentes. Na diversidade dos aspectos, a unidade absoluta da energia humana. Consideramos Trabalho, o Capital; consideramos Trabalho, o esforço, e realização diária das eficiências humanas em ritmo de criação; e consideramos, ainda, Trabalho, a energia, a capacidade em potencial, que se encontra em estado latente no cérebro e nos músculos daqueles que uma organização social errada conserva em disponibilidade.

Trabalho acumulado (Capital); Trabalho em ação criadora (mão de obra); e Trabalho em disponibilidade (desempregados), o Estado deve por todas estas formas zelar, submetendo-as, não a uma finalidade propriamente do Estado, mas aos supremos interesses que essa finalidade objetiva: o equilíbrio social e a felicidade humana.

O Trabalho, elemento essencial, único, das manifestações da vida do indivíduo, da família, do grupo profissional, da sociedade, do Estado e da Humanidade, nós o consideramos, ao mesmo tempo, como SUJEITO e como OBJETO. O Trabalho é sujeito, quando o encaramos força propulsora da Economia e fonte originária do Estado; o Trabalho é OBJETO, quando o tomamos como energia, cujo desenvolvimento deve submeter-se à moral humana e ao espírito de justiça e de equilíbrio que o Estado encarna.

Pois o Estado existe em razão do Trabalho. Sendo o Trabalho um dever humano, ele se espiritualiza, eleva-se de tal forma, que exige garantias, as quais são asseguradas pela Força do Estado. O Estado, pois, seria supérfluo, si o Trabalho não existisse. Existindo o Trabalho como dever, ele moraliza o direito do trabalhador. Moralizando esse direito, exige uma execução de normas éticas. Exigindo essa execução, engendra o conceito de Estado. O Estado, em última análise, é uma manifestação jurídica de Trabalho. O Trabalho, examinada a questão a fundo, é a fonte de todos os direitos públicos e privados, porque o direito, sendo um conceito de equilíbrio inspirado na moralidade, só poderia ter origem num dever que oferece as normas seguras da moralidade.

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O Trabalho, para os Integralistas, é base do Estado e do Governo.

Ele procede de um alto pensamento espiritual. Essa a razão porque combatemos o Capitalismo, que se inspirou no materialismo, na negação de Deus e do Espírito, para justificar sua tirania e opressão sobre os trabalhadores. Essa a razão também porque combatemos o Comunismo, pois este aceitou o conceito materialista do Trabalho, segundo ensinou a burguesia capitalista, e engendrou um antagonismo que, em última análise, nega a essência natural do Trabalho.

A luta de classe, segundo Marx, é um conceito do século passado. É um conceito burguês e materialista. O Integralismo, doutrina do século XX, já não tolera essa incapacidade mental de compreender o plano geral do mundo, das eficiências, assim como o plano geral, da economia, da sociedade e do Estado.

Só nós, Integralistas, podemos festejar o Dia do Trabalho com a compreensão exata do século XX. O Trabalho, para os Integralistas, é a fonte do espírito de justiça, da inspiração política e dos anseios de liberdade humana.

Publicado originalmente n’A OFFENSIVA, em 01 de Maio de 1936.